A Organização Mundial de Saúde OMS criticou a decisão da União Europeia de proibir a exportação de vacinas contra a COVID-19 numa altura de crescentes tensões no continente europeu sobre a produção e distribuição da vacina.
A vice directora da OMS, Mariangela Simão disse que a decisão da União Europeia constitui uma “tendencia preocupante”.
Anteriormente o director da OMS, Tedros Adhanomi Ghebreyesus tinha avisado que “o nacionalismo de vacinas” poderia levar a “uma recuperação prolongada” da pandemia.
Na sexta-feira depois de uma onda de protestos a União Europeia anulou abruptamente planos para usar medidas de emergência previstas do acordo de saída da Grã Bretanha do bloco, o chamado Brexit, para impedir vacinas contra a Covid-19 de entrarem no Grã Bretanha através da Irlanda.
Numa escalada que apanhou políticos, profissionais de saúde e observadores de surpresa, Bruxelas tinha anunciado que iria aplicar cláusulas do acordo para impedir as vacinas de chegarem a território britânico através da Irlanda do Norte que permanece ligada à União Europeia e à Grã-Bretanha.
Depois de protestos do governo da Irlanda e de avisos da Grã Bretanha de que a medida poderia liquidar “o espírito de cooperação” no combate ao coronavírus, a União Europeia por volta da meia- noite de ontem anulou a medida.
Contudo avisou que se vacinas e substâncias activas forem levadas para terceiros países fora do bloco “usará todos os instrumentos à sua disposição” para impedir isso.
Aumentam as tensões sobre compra de vacinas
O programa de vacinação em massa sem precedentes na história está a provocar tensões em redor do mundo com as grandes potências a comprarem vacinas em grandes quantidades enquanto as nações mais pobres tem que tentar encontrar vacinas fazendo uso de fracos recursos financeiros e apelando à compreensão por parte da diplomacia ou fazendo uso de programas internacionais como os já existentes através da OMS
A tensão entre a União Europeia e a Grã Bretanha foi provocada por atrasos embaraçosos para Bruxelas na distribuição de vacinas.
Os países da União Europeia estão substancialmente atrasados em relação a Israel, Grã Bretanha e Estados Unidos algo que críticos afirmam se dever à exigência de todo o processo ser centrado em Bruxelas em vez de se deixar os paises membros negociarem e fazerem eles próprios o seu processo de distribuição.
Até quinta-feira Israel tinha vacinado quase 33% da população, a Grã Bretanha tinha vacinado mais de 11% dos seus residentes e os Estados Unidos perto de 8%.
O país com maior sucesso na União Europeia era a Dinamarca com cerca de 3,8 % mas países como a França e Holanda estavam abaixo dos 2%.
Para além disso a União Europeia tem sido mais lenta em aprovar vacinas e a situação foi agravada quando a companhia farmacêutica AstraZeneca disse que não poderia cumprir uma entrega prometida de vacinas até Março devido a problemas de produção na Bélgica.
A União Europeia a exigir que a companhia retirasse fornecimentos das suas fábricas na Grã-Bretanha que estão a produzir milhões de vacinas para os residentes na Grã Bretanha que paradoxalmente importa também algumas vacinas da companhia americana Pfizer fabricadas na Europa.
Isso levou a Comissão Europeia a aprovar o plano para controlar as exportações de vacinas do bloco europeu e garantir os seus prórpios fornecimentos algo que contudo poderia ser fácilmente evitado atravé de exportações para a Irlanda do Norte.
A União Europeia disse que 92 países de rendimento baixo e médio não estão incluidos na lista de países para onde são proibidas as exportações mas o súbito aumento das tensões fez aumentar em redor do mundo preocupações sobre uma guerra de vacinas.(x)VOA