Uma vacina de dose única contra o coronavírus desenvolvida pela farmacêutica belga Janssen, detida pela gigante Johnson & Johnson, apresentou eficácia de 66%, segundo anúncio feito nesta sexta-feira (29/1).
Segundo a companhia, nenhum dos pacientes precisou de tratamento hospitalar ou morreu de covid-19 depois que a vacina passou pelos testes internacionais.
O secretário de Saúde britânico, Matt Hancock, disse que, se o imunizante for aprovado pelo do Reino Unido, poderia "reforçar significativamente" o programa de vacinas.
O Reino Unido já encomendou 30 milhões de doses da vacina Janssen. No Brasil, o Plano Nacional de Operacionalização de Vacinação contra a Covid-19, elaborado em dezembro pelo governo federal, cita a expectativa de obter 38 milhões de doses dessa vacina a partir do segundo trimestre, mas por enquanto isso está estipulado apenas por um memorando de entendimento - nenhuma compra foi de fato efetivada até agora.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que os resultados dos primeiros testes da Johnson foram "muito encorajadores" e, se a vacina for aprovada pela Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA), as doses devem estar disponíveis ainda neste ano.
O estudo analisou a administração de apenas uma dose da vacina, o que a torna mais fácil de implementar do que as versões que exigem duas. Esse ponto tem sido celebrado por especialistas em saúde pública globais, uma vez que se torna mais fácil proteger grandes quantidades de pessoas sem a necessidade da segunda imunização.
O fato de funcionar em dose única e poder ser guardada em uma geladeira comum, enquanto outras precisam de armazenamento superfrio, significa que a vacina da empresa pode ter um papel significativo em todo o mundo.
"Uma vacina em dose única é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a melhor opção em cenários de pandemia", disse Paul Stoffels, diretor científico da Johnson & Johnson.
Ele acrescentou que a vacina pode "proteger potencialmente centenas de milhões de pessoas dos resultados graves e fatais da covid-19".
A meta da empresa é fabricar 1 bilhão de doses neste ano.
"Se ela for aprovada (por agências reguladoras), isso pode reforçar significativamente nosso programa de vacinação, especialmente como uma vacina de dose única", disse Stoffels.
Ao mesmo tempo, a Janssen está investigando se a administração de duas doses proporcionará uma proteção mais forte ou mais duradoura.
Porém, uma notícia preocupante é que há sinais de que essa nova versão da vacina é menos eficaz contra a nova variante do coronavírus que está se espalhando na África do Sul.
A vacina foi apenas 57% eficaz na parte sul-africana do ensaio, em comparação com a eficácia de 72% nos Estados Unidos. Isso reforça a possibilidade de que as vacinas tenham que ser constantemente adaptadas para se adequar a novas variantes.
Produção
A vacina Janssen usa um vírus do resfriado comum que foi desenvolvido para ser inofensivo.
Em seguida, ela carrega parte do código genético do coronavírus para o corpo, mas de maneira segura. Isso é suficiente para o corpo reconhecer a ameaça e, então, aprender a combater o coronavírus.
O mecanismo treina o sistema imunológico do corpo para lutar contra o coronavírus quando encontra o vírus de verdade.
O processo é semelhante à abordagem usada na vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela empresa AstraZeneca.
"Um regime de dose única com início rápido de proteção e facilidade de entrega e armazenamento oferece uma solução potencial para alcançar o maior número de pessoas possível. A capacidade de evitar hospitalizações e mortes mudaria o jogo no combate à pandemia", afirmou Mathai Mammen, da empresa Janssen.
Os resultados são baseados em quase 44 mil pessoas que participaram dos testes, inclusive no Brasil.
Os Estados Unidos encomendaram 100 milhões de doses da vacina Janssen e o Canadá, 38 milhões.
O secretário britânico Hancock disse que o anúncio da Janssen era "mais uma boa notícia".
"Uma vez que os dados completos tenham sido submetidos (às entidades reguladoras), eles irão considerar as evidências para determinar se a vacina atende a padrões robustos de segurança, eficácia e qualidade".(x)BBC