A iniciativa abrange os distritos de Metuge e ilha do Ibo, no norte de Moçambique, e visa diminuir o nível de transmissão e mortalidade por malária.
A família de Saíde Tacuane, residente na sede distrital de Metuge, é composta por seis membros e foi a primeira a beneficiar da campanha de administração de medicamentos contra a malária, lançada esta terça-feira (02.02) na província de Cabo Delgado.
Falando à DW África, Saíde manifestou-se satisfeito porque, segundo ele, poderá ver-se livre de um dos maiores problemas de saúde com que o seu agregado familiar se tem deparado.
"Recebi os comprimidos, tomei com toda a minha família e sinto-me melhor. Sei que isto irá ajudar-nos a evitar a malária."
Reduzir o número de casos
Baltazar Candrinho, representante do Ministério da Saúde, explica que a administração de medicamentos contra a malária também aconteceu no distrito de Magude, província de Maputo, tendo resultado na diminuição de casos em mais de 80%. Espera-se que nos dois distritos agora a beneficiar da campanha, ilha do Ibo e Metuge, consiga-se também reverter o alto índice de casos da malária.
"Moçambique, ao implementar esta estratégia, torna-se no primeiro país da África Austral com esta campanha. E nós servimos de um espelho para o mundo e para a Organização Mundial de Saúde (OMS), que vão colher a nossa experiência", afirmou Candrinho durante a cerimónia de lançamento da campanha em Cabo Delgado.
"Esta campanha vai ter três rondas com um espaçamento de 30 dias. O medicamento que estamos a administrar é seguro e foi aprovado pela OMS", garante.
A iniciativa é levada a cabo com o apoio da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade.
"Esta campanha que hoje lançamos permitirá que, para além dos grupos considerados mais vulneráveis, todas as pessoas dentro de um agregado familiar sejam protegidas da malária", diz Adelino Chirinda, diretor nacional do Programa de Combate à Malária na Fundação.
No ano passado, Cabo Delgado registou cerca de 738 mil casos de malária, um decréscimo de 22% em relação a 2019. Ainda assim, o índice continua a preocupar as autoridades.
O secretário de Estado da Província de Cabo Delgado, Armindo Ngunga, apela à adesão massiva à campanha "para continuarmos a reduzir a transmissão, morbidade e mortalidade relacionada com esta doença".
Segundo o responsável, "a administração massiva de medicamentos contra a malária por toda a população é crucial, independentemente da presença de sinais, sintomas ou confirmação de infeção."
A cólera também preocupa
Um outro problema que está a preocupar as autoridades na província de Cabo Delgado é o surto de cólera e de diarreias, que eclodiu em janeiro de 2020.
"Em mais ou menos um ano, já temos 45 óbitos dentro das unidades sanitárias. Contando com outros casos fora das unidades sanitárias, temos 320 óbitos", revelou Ngunga.
Este é o surto mais prolongado na última década. Os distritos de Chiúre, Metuge e Pemba são os que atualmente registam o maior número de entradas nos centros de tratamento de cólera.
No entanto, as autoridades prometem intensificar as medidas de prevenção, para estancar o surto.(x) Fonte: DW