Estes relatos encontram-se no Comunicado de Imprensa do Fórum Nacional de Rádios Comunitárias (FORCOM). Segundo este documento no dia 31 de Outubro, os insurgentes ocuparam a maioria das localidades e postos administrativos do Distrito de Muidumbe, ceifando vítimas humanas em números bastante elevados.
“O terror começou a 4h30min, hora local, quando começamos a ouvir tiros por perto. Os insurgentes usaram a estratégia de iniciar as ofensivas militares na zona de cima no Distrito, onde se localiza a maior parte da população. Estou a falar dos seguintes locais: Aldeias de Ntchinga, 24 de Março, Namaculo e Nangunde; Localidades de Namacande e Muatide, por fim Posto Administrativo de Muambula, onde se localiza a Rádio, disse Hilário Tomas, jornalista da Rádio. A fonte acrescenta que “quando os insurgentes se aperceberam que as Comunidades estavam a fugir para zona baixa, localidade de Miangaleua, começaram a seguir e a matar quem encontrassem pelo caminho. Fugi com a minha família e ficamos escondidos nas matas por mais de 10 dias”.
Moisés José, um dos jornalistas que também se encontrava refugiado nas matas conta que “Os insurgentes capturaram inúmeras mulheres, uma delas, a minha filha de 27 anos de idade que felizmente conseguiu fugir para as matas e juntar -se a nós. Quando eles começaram a dar tiros, eu e mais dois colegas meus estávamos a nos preparar para ir a Rádio, mas tivemos que abandonar tudo e correr com a família para as matas. No local onde nos encontrávamos refugiados há dias, haviam muitos corpos em fase de decomposição”.
De acordo com Beatriz João, uma das jornalistas que também conseguiu fugir das matas disse que “a Igreja Paroquial do Sagrado Coração de Jesus esta sendo usada, nos últimos dias, como base dos insurgentes. Eles abandonaram o anterior local onde estavam fixados devido ao cheiro dos cadáveres que se encontram de qualquer maneira nas ruas”. “A situação está descontrolada, há muitas crianças, sozinhas e perdidas nas matas. Cruzei com muitas delas enquanto caminhava quilómetros em direção a Montepuez, disse a fonte.
O FORCOM conseguiu garantir o apoio logístico a todos jornalistas para poderem chegar as zonais relativamente seguras, que são os Distritos de Namialo, Montepuez e Cidade de Pemba.(x)