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sexta-feira, 05 fevereiro 2021 08:40

ONU alerta para aumento de extremismo em Moçambique durante pandemia

Aldeia de Mucojo, Macomia, após ataque de insurgentes (foto de arquivo) Aldeia de Mucojo, Macomia, após ataque de insurgentes (foto de arquivo)

A pandemia de Covid-19 fez aumentar a ameaça de grupos extremistas, como o Estado Islâmico e a Al-Qaeda, em zonas de conflito, incluindo Moçambique, Afeganistão, Síria e Iraque, conclui painel de peritos da ONU.

A ameaça extremista continuou a aumentar nas zonas de conflito na última metade de 2020, porque "a pandemia inibiu as forças da lei e da ordem mais do que os terroristas", que conseguem mover-se livremente, apesar das restrições impostas para combater a Covid-19, explicam os peritos num relatório elaborado para o Conselho de Segurança da ONU e divulgado esta madrugada. 

Os grupos extremistas fizeram progressos em África, com a região de Cabo Delgado, em Moçambique, "entre as áreas mais preocupantes", segundo o painel.

Em Cabo Delgado, membros do Estado Islâmico tomaram cidades e aldeias e continuam a manter o Porto de Mocímboa da Praia, apesar de uma ofensiva governamental sustentada, lembram os especialistas no relatório.

Afeganistão é o mais afetado pelo terrorismo no mundo

O Iraque e a Síria continuam a ser "a área central" para o grupo jihadista Estado Islâmico (EI), enquanto a região noroeste da Síria, onde a Al-Qaeda tem grupos afiliados, é "uma fonte de preocupação", dizem os especialistas.

Segundo o painel, o Afeganistão continua a ser "o país "mais afetado pelo terrorismo no mundo". Apesar do acordo entre os Estados Unidos e os Talibã, em 29 de fevereiro do ano passado, e do início de conversações entre estes e o governo afegão, em setembro, a situação no país "continua a ser um desafio", segundo o relatório.

Mais de 600 civis afegãos e 2.500 membros das forças de segurança no país foram mortos em ataques desde 29 de fevereiro de 2020, segundo o painel, que frisa que "as atividades terroristas e a ideologia radical continuam a ser uma fonte potencial de ameaças para a região e a nível global".

No Iraque e na Síria, de acordo com os peritos, não há indicação de que o EI possa reconstituir o seu autodeclarado "califado", derrotado em 2017, e que chegou a abranger um terço tanto do Iraque como da Síria, mas o grupo extremista "irá certamente explorar a sua capacidade de permanecer numa região caracterizada por perspetivas limitadas de estabilização e reconstrução". O painel estima que 10.000 combatentes do EI permaneçam ativos no Iraque e na Síria.

Ameaça a longo prazo "em todo o lado"

Segundo o painel, alguns Estados-membros da ONU, não nomeados, consideraram que, à medida que as restrições impostas para combater a pandemia vão sendo levantadas em vários locais, "pode ocorrer uma erupção de ataques pré-planeados".

"O custo económico e político da pandemia, o seu agravamento dos fatores subjacentes ao extremismo violento e o impacto esperado nos esforços antiterrorismo são suscetíveis de aumentar a ameaça a longo prazo em todo o lado", alertaram os peritos.

Na Europa, ataques na Áustria, França, Alemanha e Suíça, entre setembro e novembro do ano passado, "sublinharam a ameaça permanente" de terrorismo, apontou ainda o painel no relatório.(x) Fonte: DW

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