A Comunidade dos Países deLíngua Portuguesa (CPLP) é chamada a desenvolver estratégias que aprimorem a segurança marítima, para fazer face ao terrorismo que ameaça os estados membros.
Um estudo divulgado na primeira edição da revista científica do Instituto Superior de Estudos de Defesa Tenente-General Armando Emílio Guebuza, publicado recentemente em Maputo, indica que a organização tem a responsabilidade de encontrar mecanismos de proteger as nações ameaçadas como Moçambique.
Da autoria do Capitão de Mar-e-Guerra, Marcos João Magagula, o estudo indica que a concertação de questões de defesa com outros estados membros da CPLP cria uma capacidade de prevenção de ataques, dissuadindo ameaças transnacionais, bem como promove a segurança regional, estabilidade e a prosperidade.
Segundo o artigo científico, o Oceano Índico é uma das regiões mais dinâmicas do sector energético global, razão pela qual urge a necessidade de partilhar e coordenar acções que permitam garantir uma segurança marítima regional, para que não se ponha em causa o desenvolvimento económico dos estados ribeirinhos.
Para o Capitão de Mar-e-Guerra, com o aprimoramento da economia azul, em que muitos países estão apostados, impõe-se a melhoria da colaboração e cooperação para que a segurança marítima seja uma realidade na comunidade.
“É nossa convicção que, embora prevaleçam alguns desafios financeiros que possam reduzir a capacidade da presença e de actuação, o pensamento estratégico da CPLP vai ao encontro da necessidade de cooperação no domínio da segurança marítima”, afirmou Magagula.
O estudo avança ainda que, num cenário correspondente à situação actual da insegurança marítima em Moçambique, caracterizada pela falta de unidades navais com capacidade oceânica, falta de integração de recursos para a segurança marítima, pode dar espaço a acções criminosas.
De acordo com o artigo, não são ainda conhecidosos grupos terroristas que actuam em Cabo Delgado, nem a sua motivação, mas existe uma evidência que é a facilidade de mobilidade deste grupo proveniente de países como a RD Congo, Somália, Quénia e a Tanzânia, cujo ponto de entrada era, até então, a Ilha de Suhavo, localizada próximo à foz do rio Rovuma.
Segundo o Capitão de Mar-e-Guerra, os factores económicos estão, entre outros, associados às causas da imigração ilegal e, com o surgimento dos recursos, estes fenómenos podem ganhar contornos alarmantes e, por via disso, fragilizar a segurança do país.
“O terrorismo,facilmente penetra no país quando as movimentações da imigração ilegal não são controladas. Qualquer que seja a acção terrorista afecta vidas humanas e os interesses estratégicos de vários países envolvidos”, acrescenta.
Para o Capitão de Mar-e-Guerra, tudo isso obriga à pluralização de esforços, inclusive da própria CPLP, no contexto da defesa conjunta dos interesses da comunidade e da necessidade de não perder de vista a rotatividade das desgraças.
No entender do investigador, um dos maiores desafios é a formação de quadros competentes e experientes para lidar com estas ameaças. O equipamento moderno, tanto naval como aéreo e terrestre, deverá ser um dos requisitos essenciais para o cumprimento dos objectivos traçados nos níveis político e militar.
A outra medida avançada por Magagula seria o aprofundamento da cooperação entre as Forças Armadas da CPLP em missões que visem acautelare combater as ameaças transnacionais, através de um plano que contemple também a vertente de interoperabilidade dos sistemas e equipamentos.(x) Fonte: Jornal Notícias