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segunda-feira, 08 fevereiro 2021 20:39

'A queda do dólar está só começando': o impacto da pandemia sobre a moeda americana

Um dos efeitos da recessão econômica causada pela pandemia covid-19 é que o mundo foi inundado de dólares.

O Federal Reserve (Fed), o Banco Central (BC) dos Estados Unidos, reduziu drasticamente a taxa de juros para quase 0%.

Quando isso acontece, o país tende a ficar 'menos atraente' aos olhos dos investidores estrangeiros, que tendem a buscar outros mercados com retornos maiores sobre seu capital.

Paralelamente, o Fed deu sinal verde para a impressão de dinheiro, com o objetivo de mitigar os efeitos da crise.

De fato, 2020 foi o ano em que mais dólares foram emitidos do que nunca. Essa injeção de dinheiro permitiu financiar o aumento dos gastos fiscais e deu oxigênio aos mercados.

Mas, ao mesmo tempo, ajudou a empurrar o valor do dólar para baixo em relação às principais moedas do mundo nos últimos 10 meses - com algumas exceções, como o real brasileiro.

Isso pode ser verificado em um dos índices que acompanham a evolução da moeda, o Bloomberg Dollar Index (BBDXY), que atingiu a máxima de quase 1.300 pontos em 23 de março - e, depois disso, começou uma queda que não deu trégua até agora.

Atualizado anualmente, o índice mede o desempenho do dólar ante uma cesta de moedas globais, incluindo de países emergentes, que têm a maior liquidez nos mercados de câmbio e os maiores fluxos comerciais com os EUA. O real brasileiro não faz parte dessa cesta.

Trata-se de uma queda superior a 12% nos últimos 10 meses (percentual que pode variar um pouco dependendo do índice que acompanha a evolução da moeda).

Atualmente, está em seu nível mais baixo desde o início de 2018 e muitos especialistas concordam que a moeda continuará a se desvalorizar.

'Dólar vai continuar caindo'

"O colapso do dólar apenas começou", diz Stephen Roach, professor da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e ex-presidente do banco de investimentos Morgan Stanley na Ásia, à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

Roach prevê que a moeda poderá cair mais de 35% até o final deste ano com base em três grandes motivos.

O primeiro é que há um aumento acentuado do déficit em conta corrente dos Estados Unidos, ou seja, o país paga mais no exterior pela troca de bens, serviços e transferências do que recebe.

Sua projeção é de que esse déficit continue a impulsionar a queda da moeda.

A segunda é a valorização do euro, depois que os governos da Alemanha e da França concordaram com um pacote de estímulo fiscal, além da emissão de títulos.

E a terceira é que Roach prevê que o Federal Reserve pouco faria para impedir a queda do dólar.

Com os Estados Unidos cada vez mais dependentes de capital estrangeiro para compensar seu crescente déficit de poupança interna, explica ele, e com as políticas adotadas pelo Fed que criam um grande excesso de liquidez, "o argumento para um forte enfraquecimento do dólar parece mais convincente do que nunca", argumenta.

Em relação aos efeitos que uma desvalorização do dólar tem sobre os mercados emergentes (como Brasil, México, Argentina, Colômbia, Peru ou Chile na América Latina), o especialista sugere que podem ocorrer aumentos em algumas bolsas desses países.

Enquanto o Federal Reserve não aumentar as taxas de juros, que é o que Roach presume que acontecerá, "a fraqueza do dólar deve causar aumentos nos mercados acionários estrangeiros em geral e nas ações dos mercados emergentes em particular."(x) Fonte:BBC

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