Eles advertem que o fenómeno pode alastrar-se a outras regiões do continente, nomeadamente a África Austral
A ministra moçambicana dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, afirmou que a cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, realizada virtualmente no passado fim-de-semana, devido à Covid-19, "condenou, sem reservas e de forma contundente, o terrorismo".
Na reunião, o Chefe de Estado do Senegal, Macky Sall, foi eleito presidente da União Africana para os próximos dois anos.
Para o analista Borges Nhamire, "é insuficiente uma simples condenação, mas a União Africana ou a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), nada podiam fazer sem um pedido formal de Moçambique".
"Eu esperava uma posição mais forte e firme da União Africana relativamente ao terrorismo sobretudo em Cabo Delgado, onde centenas de pessoas foram mortas e deslocadas por causa deste fenómeno, porque de condenações nós já estamos cansados", acrescenta o professor Clávio Menete.
Por seu turno, o analista Raúl Domingos, entende que "não basta uma simples condenação, eu esperava um pouco mais do que isso porque o terrorismo em África não afecta apenas Moçambique, como também é um cancro para toda a África".
Domingos avança que se o terrorismo "prosperar em Moçambique, vai chegar à África do Sul, e isso é mau para a região austral de África e para todo o continente africano".
Por seu lado, o analista Adriano Nuvunga lamenta a posição da cimeira da União Africana relativamente ao terrorismo "porque a ameaça que se verifica no norte de Moçambique é também uma ameaça para a região austral de África, por isso é importante uma estratégia conjunta de combater este fenómeno em antecipação".
Entretanto, Raúl Domingos, considera que relativamente a Moçambique, a UA eventualmente, não tenha tomado uma posição firme porque Maputo teima em não pedir apoio externo para combater o terrorismo em Cabo Delgado.
Ele realça que "não podemos ter vergonha e pensar que pedir apoio externo significa fraqueza, porque terrorismo é uma acção que é concertada também a nível internacional".
Contudo, Borges Nhamire diz ser da opinião de que Moçambique se recusa a pedir uma intervenção externa porque desde Dezembro de 2020, a situação em Cabo Delgado tem vindo a melhorar.
Nhamire, pesquisador do Centro de Integridade Pública (CIP), que tem investigado a situação do conflito em Cabo Delgado, refere que "Moçambique ainda pode continuar, sozinho, a tentar combater o terrorismo sem recorrer à ajuda de outros países". (x) Fonte: VOA