Uma equipe de especialistas internacionais que investigam as origens do coronavírus descartou a teoria de que o vírus teria vindo de um laboratório chinês.
O chefe da missão da Organização Mundial da Saúde (OMS), Peter Ben Embarek, disse nesta terça-feira (9/2), data da conclusão de sua missão investigativa na China, que é "extremamente improvável" que o vírus tenha vazado de um laboratório na cidade chinesa de Wuhan.
Em janeiro de 2021, a equipe da OMS chegou a Wuhan para iniciar sua investigação sobre as origens da pandemia de covid-19, depois de meses de negociações entre a OMS e Pequim.
Wuhan, na província de Hubei, no oeste da China, foi o primeiro lugar no mundo em que o vírus foi detectado. Desde então, mais de 106 milhões de casos e 2,3 milhões de mortes por covid-19 foram relatados em todo o mundo.
Embarek concedeu entrevista à imprensa para explicar conclusões da missão conjunta da OMS em parceria com a China. Ele declarou, no entanto, que será necessário fazer mais investigações para identificar a origem do coronavírus.
Ele disse que a investigação revelou novas informações, mas não mudou drasticamente o entendimento sobre o surto.
Especialistas acreditam que o vírus possivelmente se originou em animais, antes de se espalhar para os humanos, mas eles não têm certeza de como isso teria acontecido.
No ano passado, a ONU alertou que as zoonoses — como são conhecidas as doenças que passam de animais para humanos — estão aumentando e seguirão nessa tendência se não houver uma ação coordenada para proteger a vida selvagem e o meio ambiente.
Na investigação feita na China, embora o trabalho tenha apontado para um "reservatório natural" em morcegos, Embarek disse que é improvável que isso tenha acontecido em Wuhan. A missão acredita que o vírus tenha passado dos morcegos para outro animal, e dele para humanos, em uma cadeia que ainda não foi esclarecida. O vírus, segundo essa teoria, teria chegado a Wuhan por meio de alguma comida congelada, que poderia ter vindo de fora da China.
Os especialistas também disseram que não há "nenhuma indicação" de que o vírus estivesse circulando em Wuhan antes que os primeiros casos oficiais fossem registrados ali, em dezembro de 2019.
O editor da BBC para a região da Ásia, Michael Bristow, explica que as conclusões da missão da OMS provavelmente agradarão Pequim, que rejeita as acusações de que a China seria responsável pela pandemia.
Liang Wannian, especialista da Comissão de Saúde da China, disse que a covid-19 poderia estar em outras regiões antes de ter sido detectada em Wuhan.
A editora de saúde da BBC, Michelle Roberts, explica que era improvável que o grupo de especialistas, em sua missão com peso político, fosse capaz de identificar a origem da pandemia na China um ano após seu início. Um avanço importante, porém, é a conclusão, depois de visitar o Instituto de Virologia de Wuhan, que põe fim a uma teoria controversa de que o coronavírus teria vindo de um vazamento de laboratório ou foi feito por cientistas.