Uma semana depois da polémica deslocação do chefe da diplomacia da União Europeia a Moscovo durante a qual foi anunciada a expulsão da Rússia de três diplomatas europeus por terem alegadamente participado em manifestações a favor do opositor Alexeï Navalny, o Ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergueï Lavrov, disse em entrevista não descartar a possibilidade de cortar relações com a União Europeia em caso de novas sanções contra Moscovo.
Numa entrevista a ser transmitida hoje nos meios de comunicação sociais russos, Sergueï Lavrov indica que na eventualidade de a União Europeia tornar a impor novas sanções contra “alguns sectores que criam riscos para a economia russa, incluindo nas áreas mais sensíveis”, o país poderia cortar relações com Bruxelas. “Não queremos isolar-nos da vida global, mas temos de estar prontos para isso. Se se quer paz, então é preciso preparar-se para a guerra”, declarou o chefe da diplomacia russa.
Na passada terça-feira, quando o Alto representante dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, Josep Borrell, teve de prestar contas aos dirigentes europeus e aos eurodeputados sobre a sua visita à Rússia, que antes mesmo de acontecer tinha gerado debate, muitas vozes se elevaram para defender uma mudança de estratégia, designadamente com a imposição de sanções específicas contra os altos dirigentes do regime de Putin.
De acordo com fontes diplomáticas europeias contactadas ontem pela agência noticiosa Reuters, Bruxelas pondera impor a proibição de viagens e o congelamento dos bens de aliados do chefe de Estado russo, eventualmente ainda este mês.
No passado mês de Outubro, algumas semanas depois do envenenamento em Agosto do líder de oposição Alexeï Navalny, uma tentativa de assassinato que os europeus atribuem a Putin, a UE aprovou um primeiro pacote de sanções contra a Rússia.
Há uma semana, aquando da visita de Borrell a Moscovo, o chefe da diplomacia europeia «caiu na armadilha russa» segundo os seus detractores. Depois de o diplomata europeu dar conta da abertura da UE para encontrar pontos de convergência com Moscovo, o executivo russo anunciou a expulsão de diplomatas da Polónia, da Alemanha e da Suécia, países que, em resposta, anunciaram a expulsão de diplomatas russos em posto nos seus respectivos territórios.
A atitude da Rússia foi interpretada pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, como sendo um sinal de que “não está interessada no diálogo”, o chefe da diplomacia europeia Josep Borrell tendo indicado, quanto a si, que vai “avançar com propostas concretas” para uma nova abordagem abrangendo eventualmente sanções.(x) Fonte: RFI