Esta quinta-feira, um grupo de hackers atacou páginas internet administradas pela junta militar que no passado dia 1 de Fevereiro derrubou o poder de Aung San Suu Kyi que, desde então, se encontra detida à semelhança do presidente e de outros antigos dirigentes do país. Este ataque informático acontece na sequência de mais um dia de mobilização massiva na rua contra o golpe militar.
Um grupo denominado “hackers da Birmânia” bloqueou hoje paginas internet governamentais geridas pela junta militar. Esta acção afectou o site do Banco Central, a página de propaganda do exército birmanês, o canal de televisão estatal MRTV, a autoridade portuária e a agência estatal de alimentação e medicamentos.
“Lutamos pela justiça na Birmânia”, disse o grupo de hackers no seu perfil Facebook, acrescentando que “é como um protesto em massa à frente das páginas internet do governo."
No Myanmar, onde a Internet está a transformar-se noutro campo de batalha entre os manifestantes e a junta militar, viveu-se a quarta noite consecutiva de bloqueio do acesso à internet pelo exército. De acordo com o NetBlocks, uma organização sediada no Reino Unido que vigia as interrupções e avarias da internet no mundo inteiro, o fluxo na Birmânia foi reduzido para 21% do seu nível normal.
Isto aconteceu na sequência de um novo dia de protesto massivo de dezenas de milhares de pessoas por todo o país contra o golpe e pela libertação dos representantes do poder civil do Myanmar.
Ontem, em Rangum, os manifestantes concentraram-se junto do pagode do Sule, no centro da capital económica e bloquearam a circulação, não havendo relatos de incidentes durante esta acção de protesto. Já em Mandalay, segunda cidade do país, manifestantes que tinham bloqueado o tráfego ferroviário foram dispersos com tiros das forças de segurança, não se sabendo se foram usadas balas de borracha ou munições reais.
De acordo com a Associação de Assistência a Presos Políticos, desde o dia do golpe de Estado, no dia 1 de Fevereiro, mais de 450 pessoas foram presas pelo regime militar, 417 permanecendo ainda detidas. Relatórios não confirmados dão conta de um número superior de detenções.
Apesar das pressões internacionais para a restituição do poder aos civis e apesar designadamente das sanções decretadas pelos Estados Unidos, os militares que durante 50 anos dirigiram o Myanmar e recuperaram o controlo depois de um interregno de uma década com um poder civil, parecem estar decididos a não voltar atrás. Ontem, o relator das Nações Unidas, Tom Andrews, declarou recear violências depois de ter sido informado do envio de reforços militares para Rangum. (x) Fonte: RFI