Em Moçambique, o sector do processamento da castanha do caju está a viver momentos de crise. A redução do preço da castanha processada no mercado internacional e a fraca qualidade da matéria-prima, são os motivos que ditam a ameaça de encerramento de três fábricas da multinacional Olam na província do Maputo. Uma situação que pode levar ao desemprego perto de 2 mil colaboradores.
As autoridades moçambicanas prometem analisar a decisão da multinacional do agro-negócio Olam de encerrar as fábricas de processamento da castanha de caju que detém em Moçambique. Celso Correia, Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, acredita que ainda há espaço para renegociar com o governo a sua manutenção no negócio da castanha.
«Nós respeitamos a sua decisão –a economia de mercado- mas, achamos também que temos que rever a nossa relação com a multinacional. Para nós é muito importante desenvolver relações sustentáveis que olham para o país a médio e longo prazo», enfatizou o governante.
Foi através de um comunicado divulgado na semana passada que a multinacional Olam explicou que o encerramento das três fábricas de processamento de caju na província de Maputo que resultará no despedimento de perto de 2 mil colaboradores, prende-se com “as tendências e dinâmicas globais no mercado da castanha de caju e das recorrentes dificuldades em aceder à matéria-prima de qualidade nos volumes necessários”.
Nesta nota informativa, a empresa indicou que a sua decisão se deve igualmente ao facto do preço da castanha em bruto ser muito superior ao preço da castanha processada no mercado internacional., a Olam referindo ainda que "como investidor do sector agrícola em Moçambique com mais de 22 anos de actividade e como principal participante e empregador no sector, lamentava o custo que tais ajustes trazem aos funcionários e às comunidades agrícolas que tem apoiado ao longo deste período".
De referir que em 2019, antes da crise provocada pela pandemia, o sector do caju era considerado pelas autoridades como uma alavanca importante da economia do pais, sendo uma fonte de rendimento para 1,4 milhões de famílias rurais.
Naquela altura, este sector estava numa fase ascendente pelo sexto ano consecutivo, passando de 81.240 toneladas na campanha 2014/15 para a comercialização de 143.000 toneladas durante a campanha 2019/20.
Em Novembro de 2020, aquando do lançamento da campanha 2020/21, o governo esperava alcançar a comercialização de cerca de 150.000 toneladas, das quais 78.000 toneladas deviam ser processadas.(x) Fonte: RFI