O conflito armado em Cabo Delgado coloca, pelo menos, 1,3 milhões de pessoas dependentes de assistência humanitária e proteção urgente ,no norte de Moçambique, indica uma análise das Nações Unidas.
O Escritório da Organização das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), que fez a análise, diz que, até final de 2020, cerca de 670 mil pessoas estão na condição de deslocadas internas nas províncias Cabo Delgado, Niassa e Nampula.
Tal é resultado directo de ataques de insurgentes aliados ao Estado Islâmico, iniciados, em 2017, que aumentaram substancialmente, tendo mais de 570 sido registados ao longo de 2020.
Os violentos incidentes provocaram a morte de mais de mais de 2.000 indivíduos, na maioria indefesos. Muitos foram decapitados.
O OCHA, na sua análise, diz que cerca de 950 mil pessoas das três províncias enfrentam fome severa, por o conflito ter contribuído para a queda de produção para a subsistência.
Riscos de saúde
Segundo o informe do OCHA, nos seus ataques, os insurgentes danificaram ou provocaram a paralisação de 36 por cento das unidades de saúde em Cabo Delgado.
Por exemplo, nos distritos de Mocímboa da Praia, Macomia, Muidumbe e Quissanga não há unidades de saúde em funcionamento.
Nesse cenário, o OCHA alerta que os deslocados internos podem enfrentar mais dificuldades de saúde, havendo, na região, já o registo de mais de 4.916 casos de cólera e 55 mortes provocadas por esta doença, a maioria no distrito de Metuge.
Além da detecção e tratamento de cólera, nos distritos mais afectados há dificuldades de responder à questões relacionadas com saúde sexual e reprodutiva, atendimento a pessoas pessoas vivendo com HIV ou tratamento da tuberculose.
Nos vários acampamentos de deslocados há igualmente uma crescente preocupação com a Covid-19.(x) Fonte: VOA