A contestação à permanência de Ossufo Momade à frente da RENAMO foi motivo de confronto entre correligionários em Tete. Os dois feridos gravemente são da vila de Songo e foram atingidos por pedras e paus.
Duas pessoas ficaram gravemente feridas na sequência de confrontações internas entre membros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) na província de Tete, após uma marcha contra a liderança nacional do partido, ocorrida na segunda-feira na capital da província.
Os dois indivíduos, que são membros do partido na vila de Songo, foram atingidos por pedras e paus durante um confronto entre um grupo que contesta a liderança do presidente da RENAMO, Ossufo Momade, e outro que o apoia.
"Nós não vamos desistir [de exigir que Momade abandone a liderança do partido]", disse Hernâni da Silva, um dos lideres do grupo que contesta a liderança da RENAMO, ouvido esta terça-feira (24.11) pelo canal televisivo STV. Um número desconhecido de pessoas tiveram ferimentos leves no incidente.
O delegado político da RENAMO na província, Evaristo Sixpence, que esteve no local liderando o grupo que apoia Momade, acusa os manifestantes de não estarem alinhados com o partido, considerando que a sua intenção é desestabilizar a principal força de oposição em Moçambique.
"Quando soubemos que [os manifestantes] estavam lá aglomerados, fomos para lá. Nós não tínhamos intenção de bater. Quando chegamos lá, começou a pancadaria. Mas não era nosso desejo", declarou o delegado político da RENAMO à STV.
O principal partido de oposição em Moçambique tem atravessado uma crise interna desde que Ossufo Momade assumiu a presidência, na sequência da morte do líder histórico do partido, Afonso Dhlakama, em maio de 2018.
A crise tornou-se notável, no centro do país, com as contestações de um grupo de guerrilheiros dissidentes do partido autoproclamado Junta Militar da Renamo, que exige a renegociação do acordo de paz assinado em agosto do último ano e a demissão do atual líder do partido, acusando-o de ter desviado o processo negocial dos ideais de Dhlakama.
Desde então, é o principal suspeito da morte de cerca de 30 pessoas em ataques contra autocarros, aldeias e elementos das Forças de Defesa e Segurança no centro do país.
Fonte: DW