Uma missão do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) visitou os recentemente os campos onde se encontram acomodadas as vítimas do conflito na província moçambicana de Cabo Delgado e testemunhou a tendência de aumento do número de deslocados internos.
Cerca de 700 mil pessoas precisam de apoio na região, segundo Gillian Triggs e Raouf Mazou, da agência.
Gillian Triggs revelou que até agora apenas 39% das necessidades da província têm apoio da agência.
“Estima-se que no momento cerca de 700 mil pessoas estão deslocadas internamente nas províncias do norte de Moçambique, cerca de duas mil pessoas foram mortas devido a esta explosão da violência, mais de 50% dos afectados são crianças. Referir que quando estas pessoas deslocaram-se fugindo da violências muitas delas ficaram sem documentos e por isso privando-se de ter acesso à educação e outros serviços de que elas necessitam”, explicou Triggs
A missão constatou também que a situação humanitária na província de Cabo Delgado continua a deteriorar-se, devido à escalada do conflito, agravada por uma situação frágil de subdesenvolvimento crónico, choques climáticos consecutivos e surtos recorrentes de doenças.
Raouf Mazou afirmou que a resposta internacional ao pedido de apoio feito por Moçambique tem sido lenta.
“Muitos indivíduos que encontramos nos campos de deslocados estavam com fome esperando que o Governo e a comunidade deem mais apoios, por isso resolver o problema da fome é uma das situações urgentes, visto que muitas dizem estarem seguras nos acampamentos onde se encontram. Já foi lançado pelo Governo um apelo para o apoio internacional o que notamos é que a resposta tem sido muito lenta, e nesta altura apenas foi dada resposta a 10% do apelo”, revelou Raouf Mazou.
Refira-se que o ACNUR trabalha com a Universidade Católica de Moçambique no apoio 10 mil deslocados e seus anfitriões na obtenção de documentos na província de Cabo Delgado.(x)VOA