Militantes extremistas invadiram Palma, uma cidade de cerca de 75.000 habitantes na província de Cabo Delgado que abriga um projeto de gás de bilhões de dólares que está a ser construído pela francesa Total e outras empresas de energia.
O governo disse que dezenas de pessoas morreram no ataque, incluindo sete pessoas apanhadas em uma emboscada durante uma operação para as retirar de um hotel onde procuraram refúgio. Um sul-africano está entre os mortos, disse a sua família.
O ataque é o mais próximo do grande projeto de gás desde que uma insurgência islâmica irrompeu no norte de Moçambique em Outubro de 2017.
O ataque forçou os trabalhadores expatriados e locais a prourar refúgio temporariamente em uma instalação de gás fortemente protegida localizada na península de Afungi - 10 quilómetros de Palma, na costa do Oceano Índico ao sul da fronteira com a Tanzânia.
Estão em curso operações para os mover para Pemba, cerca de 250 quilómetros a sul de Palma. O Sea Star, um grande navio de passageiros, chegou a Pemba no domingo com cerca de 1.400 pessoas, a maioria trabalhadores, incluindo funcionários da Total.
Milhares de outras pessoas ainda estavam presas em Afungi, e algumas deveriam ter chegado em barcos mais pequenos durante a noite de domingo e na madrugada de segunda-feira. Policias e militares isolaram a zona, dificultando o acesso à área de desembarque dos barcos.
Agências da ONU previam realizar conversações de emergência em Pemba para coordenar a evacuação e ajuda humanitária para os recém-chegados. O ministério da defesa disse no final do domingo que as forças de segurança “reforçaram a sua estratégia operacional para conter os ataques criminosos de terroristas e restaurar a normalidade em Palma, tendo realizado acções operacionais centradas principalmente no resgate de centenas de cidadãos nos últimos três dias”.
A capital da província, Pemba, já está lotada com centenas de milhares de outras pessoas deslocadas pela insurgência islâmica, que forçou cerca de 700.000 a abandonar as suas casas na província.
Alvejados durante a fuga
Os agressores armados dispararam contra civis em suas casas e nas ruas "enquanto tentavam fugir para salvar suas vidas", segundo a Human Rights Watch.
O ataque violento e calculado quebrou um hiato de três meses nos ataques islâmicos amplamente atribuídos a tácticas de contra-insurgência e à estação chuvosa de Janeiro a Março.
Embora os extremistas tenham lançado sua campanha em 2017, especialistas dizem que eles começaram a se mobilizar uma década antes, quando jovens descontentes começaram a praticar um tipo diferente de Islão, bebendo álcool e entrando em mesquitas vestindo shorts e sapatos.
A violência já se enraizou e custou pelo menos 2.600 vidas, metade delas civis, de acordo com a agência americana de coleta de dados Armed Conflict Location and Event Data (ACLED).
“Estamos extremamente preocupados com o impacto que este novo surto de violência está tendo sobre as pessoas já muito vulneráveis que foram afetadas por anos de conflito”, disse a instituição de caridade médica Médicos Sem Fronteiras(x) Fonte: VOA