O cenário de conflito em Moçambique é chocante, mas não é novo, admite Joana Martins, dos Voluntários Anónimos de Moçambique, uma organização que tem distribuido alimentos e que tem montada uma plataforma de "perdidos e achados" para encontrarem pessoas que estão desaparecidas.
A organização construiu uma lista com 2.500 pessoas que foram dadas como desaparecidas, com base essencialmente em dados de empresas, uma vez que Palma é uma zona de desenvolvimento no projeto de gás. Até ao momento, foram resgatadas 1.700 pessoas, mas estima-se que amanhã sejam confirmados mais resgates.
Esta terça-feira, foi lançada uma ficha e um call center no âmbito de uma campanha para que outras pessoas possam encontrar familiares desaparecidos em Palma.
"As bases que temos são listas que são feitas a muito custo, muitas vezes em papel. (...) Para recolher estas pessoas [os voluntários] tiveram de enfretar tiros dos insurgentes, que chegam a atirar para os helicópteros. É uma missão altamente perigosa", afirmou Joana Martins.
A organização considera essencial mobilizar ajuda internacional para que se possa evitar uma crise humanitária ainda maior. Os deslocados perderam tudo, ficaram sem casa, sem roupa e sem comida. "Tudo o que há é insuficiente", argumentou Joana Martins. É necessária também ajuda para pôr fim ao conflito.
Joana Martins considera que a projeção que o conflito está a ter agora deve servir para "pôr pressão e a sensibilidade das partes no sítio certo".(x) Fonte: SIC