Partidos alemães da oposição apelam ao Governo federal e à UE que se empenhem mais na busca de uma solução duradoura para Cabo Delgado, que tenha em mente os interesses dos mais vulneráveis.
"O Governo da Alemanha tem ficado demasiado calado perante o desastre em Cabo Delgado, e isso é perigoso", avalia Alexander Graf Lambsdorft, deputado ao Bundestag, Parlamento federal alemão, e membro do partido liberal (FDP).
O segundo maior partido da oposição no país, com 80 deputados, acompanha com grande preocupação o escalar da violência no norte de Moçambique e apela à Alemanha e à União Europeia que se envolvam mais e melhor no assunto.
Alexander Graf Lambsdorff, que entre 2004 e 2017 liderou o seu partido no Parlamento Europeu, defende que "o Governo federal alemão tem que tomar medidas concretas". E recorda que "os terroristas avançam a passos largos, porque uma grande parte da sociedade não beneficia das riquezas e dos grandes investimentos na região".
O Executivo moçambicano "deve ser confrontado com esse facto", defende o parlamentar.
Lambsdorff sublinha que "a Alemanha é um dos principais doadores de Moçambique e, assim sendo, cabe ao Governo alemão exigir que o Governo moçambicano cumpra as regras e os princípios a que se obrigou nos acordos que assinou a nível bilateral e multilateral".
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Que princípios são esses, concretamente, que Maputo deve agora respeitar?
"O Governo de Moçambique aceitou, por exemplo, iniciar um processo de descentralização do país. E esse processo tem que ser cumprido", responde o deputado liberal. "É necessário descentralizar o país, garantir uma melhor participação de todos os grupos da sociedade, assim como uma melhor distribuição das riquezas. Só assim se poderá assegurar uma paz duradoura em Moçambique".
Lambsdorff realça: "A Alemanha, em conjunto com os seus parceiros da União Europeia, terá que apoiar ativamente esse processo".(x) Fonte:DW