Relatório da organização não governamental britânica diz que rapto de raparigas é a nova táctica de terror em Moçambique
Os insurgentes jihaidistas que atacam partes do norte de Moçambique nos últimos três anos e meio raptaram dezenas de crianças em autênticas razias em 2020, revelou a instituição de caridade britânica Save the Children num relatório publicado nesta quarta-feira, 9.
“O rapto de crianças tornou-se uma táctica nova e alarmantemente regular por grupos armados envolvidos no conflito", escreve a organização, que adverte que os números reais são provavelmente superiores às suas estimativas, com base em dados recolhidos pelo localizador de conflitos dos Estados Unidos, ACLED.
“Pelo menos 51 crianças, na sua maioria raparigas" foram capturadas na província de Cabo Delgado, onde os ataques islamistas deslocaram cerca de 700 mil pessoas desde que a violência começou em 2017 e deixaram mais de duas mil pessoas mortas.
"Sendo raptadas, testemunhando raptos, sofrendo ataques, sendo forçadas a fugir de grupos armados, estes são acontecimentos extremamente traumatizantes para as crianças e adolescentes", lê-se no relatório assinado pelo director nacional da instituição Chance Briggs.
A Save the Children apelou para a libertação imediata de todas as crianças raptadas e para que os autores desses actos sejam detidos e levados à justiça.
Em Março, os guerrilheiros ligados ao Estado Islâmico lançaram um ataque coordenado à cidade de Palma, no qual mataram dezenas de pessoas e forçaram mais de 67 mil a abandonarem as suas casas.
Quase metade das pessoas deslocadas são crianças e o verdadeiro número de raptos de crianças poderá ser muito superior aos casos relatados.
Um vídeo distribuído em Agosto do ano passado pelo grupo, filmado tanto em Moçambique como na República Democrática do Congo, de acordo com o site Intelligence Group, sediado nos EUA, mostrou três crianças com armas de fogo ladeadas por adultos em frente a uma faixa do Estado Islâmico.
Num dos ataques realizados em Junho do ano passado, dez raparigas foram levadas enquanto tiravam água de um poço, disse a Save The Children.(x) Fonte:VOA