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sábado, 12 junho 2021 07:49

Cabo Delgado: ICG defende que solução passa também por "diálogo com insurgentes"

Tropas moçambicanas em Cabo Delgado Tropas moçambicanas em Cabo Delgado

International Crisis Group sugere que o Governo de Moçambique combine resposta militar, apoio às comunidades e diálogo com jihadistas. "É necessário pressioná-los à rendição, mas também lhes oferecer uma saída".

Especialistas do International Crisis Group (ICG) divulgaram esta sextda-feira (11.06) um relatório sobre a crise de segurança em Cabo Delgado. Para a ONG internacional especializada em conflitos armados, o Governo de Moçambique deveria combinar uma resposta militar com apoio às comunidades frustradas e diálogo com o grupo armado em atividade na região.

A organização com sede em Bruxelas disse que Moçambique precisaria de resolver "o conjunto de fatores locais que estimulam militantes ao conflito" a fim de conter a violência. O ICG insta Maputo a "usar a força sabiamente", aceitando ofertas externas de assistência militar, mas concentrando-se em conter a expansão dos jihadistas e proteger civis deslocados.

"É necessário que haja um nível adequado de apoio militar para pressionar este grupo […] a considerar a rendição, mas também para lhes oferecer uma saída", disse à AFP o principal autor do relatório, o especialista do ICG Africa, Dino Mahtani.

Recursos de doadores

Para ter sucesso nesta iniciativa, o ICG considera que o Estado deveria utilizar recursos de doadores para financiar projetos de desenvolvimento que pudessem "acalmar as tensões locais" e proporcionar meios de subsistência alternativos para aqueles que estão a considerar participar na insurreição, bem como para aqueles que já se juntaram às fileiras terroristas.

Os especialistas da ONG dizem que fatores sócio-económicos desencadearam a insurreição. A pobreza e as restrições económico geraram sentimentos de alienação entre os jovens, explica o relatório A frustração cresceu quando as comunidades locais foram deixadas de fora de vastas descobertas de gás natural e rubi, empurrando rapazes desencantados para se rebelarem contra líderes islâmicos na província de maioria muçulmana.

Os jihadistas que fugiam da repressão na Tanzânia agarraram-se ao movimento, que também foi alimentado por divisões étnicas e envolto no tráfico de droga. Mahtani disse que a ajuda abriria um "canal-chave" para um diálogo urgente com os jihadistas e prepararia o caminho para discussões de amnistia.

Até agora, o governo de Moçambique tem concentrado a maior parte da sua atenção numa resposta militar à crise. Mas o Presidente Filipe Nyusi parece receoso em aceitar a assistência dos vizinhos regionais e dos países ocidentais. O ICG instou Nyusi a aceitar uma intervenção externa "ponderada" para apoiar e treinar tropas locais, evitando um "destacamento pesado" de tropas estrangeiras. "Isso poderia servir simplesmente como uma fator que atrairia jihadistas internacionais para fazer frente a uma intervenção internacional", advertiu Mahtani.

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