De acordo com o relatório anual da Agência da ONU para os refugiados, o número de deslocados fugindo de guerras, perseguições e abusos aumentou em 4% desde o ano passado, e isto apesar da pandemia. Actualmente contabilizam-se a nível mundial 82,4 milhões de deslocados, ou seja um número duas vezes mais importante do que há dez anos.
Depois de já ter sido atingido o número record de 79,5 milhões de deslocados no ano de 2019, a ONU constatou um aumento para mais de 82 milhões de pessoas forçadas a abandonarem as suas regiões de origem.
Durante a pandemia, "tudo parou, inclusivamente a economia, mas as guerras, os conflitos, a violência, a discriminação e a perseguição - todos esses factores que levam as pessoas a fugir - continuaram", declarou o chefe da Agência das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, durante a apresentação do relatório.
Segundo o ACNUR, neste momento, 1% da humanidade encontra-se sem tecto e há duas vezes mais “pessoas desenraizadas” do que há dez anos, quando o número total chegava a cerca de 40 milhões.
No final do ano passado, a ONU registava um pouco mais de 30 milhões de refugiados e outras pessoas deslocadas à força a nível mundial, nomeadamente cerca de 5 milhões de refugiados palestinianos e outros cerca de 4 milhões de refugiados oriundos da Venezuela.
Todavia, segundo as Nações Unidas, o número maior de pessoas forçadas a deixar as suas zonas de origem são os deslocados internos que representam 48 milhões de pessoas.
Um número considerado "sem precedentes” que inclui nomeadamente os mais de 700 mil deslocados provocados pelo conflito em Cabo Delgado no norte de Moçambique e que inclui também os milhares de deslocados provocados pelos conflitos e crises vigentes na Etiópia, Sudão, países do Sahel, Iémen, Afeganistão e Colômbia.
Só no ano passado, o número de deslocados internos aumentou em mais de 2,3 milhões, sendo que ainda de acordo com o relatório da ONU, os jovens menores de 18 anos representam 42% de todas as pessoas desenraizadas, o ACNUR estimando que quase um milhão de crianças nasceram já na condição de refugiadas entre 2018 e 2020.(x) Fonte: RFI