O País, a região austral e todo o continente africano estão de luto pela morte, na noite de quinta-feira, de Kenneth David Kaunda, aos 97 anos de idade, que conduziu a Rodésia do Norte à independência, proclamando à República da Zâmbia.
Um dos fundadores da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), Kenneth Kaunda perdeu a vida num hospital militar na capital zambiana, Lusaka, aos 97 anos, vítima de doença.
O malogrado governou a Zâmbia desde 1964, depois da independência da Grã-Bretanha, até 1991.
Considerado herói da nação zambiana, Kaunda foi um dos fundadores da Linha da Frente, uma organização que se dedicou à luta pela libertação da África Austral, que resultou na independência do Zimbabwe, em 1980, da Namíbia, em 1990, e fim o Apartheid na África do Sul, em 1991.
A Linha da Frente foi a primeira forma de coordenação e integração regional formalmente reconhecida dos países da África Austral e que tinha por objectivo a mobilização de esforços para fortalecer os movimentos de libertação nacional que lutavam contra a opressão colonial na região.
Em mensagem de condolências dirigida ao seu homólogo zambiano, o Presidente da República, Filipe Nyusi, afirma que a Zâmbia, SADC e todo o continente africano irão recordar o falecido Presidente Kaunda como um grande líder que desempenhou um papel crucial no movimento que conduziu a Zâmbia à autodeterminação e independência total.
Diversas personalidades nacionais lamentaram a morte do antigo estadista zambiano, a quem consideraram um dos pais da comunidade daÁfrica Austral e um das pessoas que os influenciou as independências na região e não só.
Queria a auto-determinação dos povos da África Austral
O antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, lamentou a morte do “pai” da nação zambiana e considerou um grande filho de África e o seu legado irá brilhar para sempre, inspirando dirigentes da Zâmbia e de toda a SADC.
Chissano diz que Kenneth Kaunda foi um líder nato que lutou pela auto-determinação dos povos da África Austral.
“Kenneth David Kaunda fez muito pelo seu país, pelo seu povo e muito pela região da África Austral, a começar pelos países que estavam sob dominação colonial. O Presidente Kaunda é um combatente contemporâneo das lutas de libertação desta parte de África, não só, ele teve contactos com a luta de povos da África Ocidental, do tempo de Kwame Nkrumah”, disse Chissano.
Acrescentou que Kaunda era um líder que defendia a libertação dos povos porque ele sentia que era preciso lutar pela igualdade, em primeiro lugar, pelos direitos humanos, em segundo, e luta pela democracia que ele chamava de democracia participativa; um que lutava pelo desenvolvimento do homem e da mulher africana, particularmente do seu próprio país”, disse.
Chissano disse que recebeu a informação sobre a morte do Kenneth Kaunda através de uma chamada do filho do malogrado, a quem confortou afirmando que o pai vai permanecer sempre na mente de todos os africanos.
Perdemos um amigo
O Secretário-Geral da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLLN), Fernando Faustino, diz que o país perdeu um “grande amigo” e um dos principais impulsionadores da independência nacional.
Falando ao “Notícias” à propósito do desaparecimento físico, quinta-feira última, do antigo fundador da nação zambiana - o Presidente Kenneth Kaunda - Fernando Faustino lembra que foi em Lusaka, capital da Zâmbia, na altura governada por Kaunda que, a 7 de Setembro de 1974 assinou-se o Acordo de Lusaka, entre a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e o governo colonial português, abrindo caminho para a proclamação da independência nacional, a 25 de Junho de 1975, passam hoje 46 anos.
Fernando Faustino recorda ainda que Kenneth Kaunda foi impulsionador da Linha da Frente - uma organização que se dedicou à luta de libertação dos povos da África Austral - tendo resultado na independência do Zimbabwe, em 1980; Namíbia, em 1990; e com derrocada do regime do apartheid, na África do Sul, em 1991.
Segundo Fernando Faustino Moçambique, em particular, a África Austral e todo o continente, em geral, têm uma dívida de gratidão para com o Presidente Kenneth Kaunda - herói da nação zambiana.
“Os Combatentes da Luta de Libertação Nacional associam-se ao povo da Zâmbia pela perda irreparável do seu guia incontestável e manifestam a crença de que aquele país saberá prosseguir a luta por este iniciada em prol da melhoria das suas condições de vida e pela pacificação de toda a África Austral e do continente”, disse Fernando Faustino.
Influenciou a independência
O Veterano da luta de libertação nacional, Raimundo Pachinuapa, afirmou que a Comunidade da Desenvolvimento da África Austral um dos seus heróis que influenciou a independência de muitos países da região e de Moçambique, em particular.
“A luta de libertação nacional não teria avançado na região sul do país se Kenneth Kaunda não tivesse dado o seu contributo. Ele, enquanto estadista zambiano, teve um papel preponderante na libertação do nosso país”, disse Pachinuapa.
Acrescentou para além da SADC, Kenneth Kaunda foi um dos líderes que se bateu pela ideia de unificação de África e pela auto-determinação dos seus povos e a soberania das nações.
Raimundo Pachinuapa considera que a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral perdeu um pai, um homem que sempre lutou pela independência e pela liberdade dos homens.
Disse estar convicto que toda a SADC e o continente africano estão gratos pelo importante contributo do antigo Presidente Kenneth Kaunda nos nossos esforços comuns para trazer e defender a independência, paz e segurança.(x) Fonte:JNotícias