Empresa italiana prevê início da operação da unidade de exploração de gás natural na península de Afungi em 2022. Projeto consiste em poços submarinos e instalação flutuante com produção de 3,4 milhões de toneladas.
A empresa de energia italiana Eni disse, esta segunda-feira (21.06), que o seu projeto de gás offshore no norte de Moçambique, atingido pela insurreição, está a bom caminho para começar a funcionar em 2022, apesar do conflito em Cabo Delgado.
Tem havido dúvidas sobre a viabilidade dos locais de exploração de gás natural liquefeito (GNL) ao largo da península de Afungi desde que militantes atacaram a cidade costeira de Palma, em março.
O ataque a um centro operacional levou a gigante petrolífera francesa Total a suspender os trabalhos num projeto de 20 mil milhões de dólares (16,8 mil milhões de euros) - o maior investimento individual em África – declarando motivos de "força maior" e evacuando todo o pessoal.
A Eni, que lançou o seu próprio projeto de GNL na área em 2016, disse, no entanto, que a insurreição não afetaria as operações. "O arranque do projeto Coral South está confirmado em 2022, como previsto", disse um porta-voz da Eni à agência de notícias France Press (AFP), sem avançar mais pormenores.
O destino do gás
O projeto consiste em seis poços submarinos ligados a uma instalação flutuante de GNL com uma capacidade de produção de 3,4 milhões de toneladas, de acordo com o website da Eni. Todo o gás produzido no local deverá ser vendido à British Petroleum.
Moçambique depositou grandes esperanças nas vastas reservas de gás natural descobertas na província de Cabo Delgado nos últimos anos, atraindo grandes empresas internacionais. A gigante americana Exxon Mobil também investiu nos projetos de gás, que estão estimados em 60 mil milhões de dólares no total.
Mas uma insurreição em espiral encenada por militantes ligados ao Estado Islâmico, suscitou crescentes preocupações de segurança desde que surgiu pela primeira vez em 2017. O ataque de 24 de março a Palma atingiu apenas 10 quilómetros do centro do projeto da Total, apesar das repetidas promessas governamentais de proteger a área.
A empresa já tinha evacuado alguns trabalhadores e suspendido a construção em janeiro, na sequência de uma série de ataques jihadistas nas proximidades. Ainda não indicou quando poderá retomar as suas operações.
Moçambique esperava colher quase 100 mil milhões de dólares dos campos de gás ao longo dos próximos 25 anos.(x) Fonte:DW