Médicos tradicionais prometem combater a prática
O Arcebispo de Maputo, Dom Francisco Chimoio, mostra-se indignado com a falta de respeito e a forma cruel como muitos moçambicanos são traficados e órgãos e partes do corpo humano são extraídos, uma prática criminosa não raras vezes atribuída aos chamados médicos tradicionais, popularmente conhecidos por curandeiros.
Em Moçambique, como noutros países africanos, tem sido amplamente relatado e documentado, em diversos contextos, que pessoas com albinismo são atacadas, raptadas, traficadas e esquartejadas devido a mitos perigosos e crenças que partes do seu corpo, quando usadas em rituais, poções ou amuletos, trazem riqueza, boa sorte e sucesso político. E o dedo acusador é apontado aos médicos tradicionais, vistos como sendo os fomentadores dessas práticas.
Fernando Mate, presidente da Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO), reconhece que há, sim, casos desses, mas diz que há um código de conduta, aprovado em 2009, que regula o que o médico tradicional deve e não deve fazer. E, de acordo com Mate, uma das coisas que esse código diz é que é crime traficar e extrair órgãos ou partes do corpo humano.
E Fernando Mate diz que a AMETRAMO, que tem mais de 70 mil membros, colabora e está disposta a colaborar mais com as autoridades governamentais no sentido de denunciar aqueles membros que não respeitarem a lei. Pede que as comunidades denunciem o médico tradicional que se envolver no tráfico e extracção de órgãos e partes do corpo humano.
Estas declarações do chefe da AMETRAMO surgem a propósito do lançamento, nos últimos dias, de um estudo comparativo sobre o tráfico de pessoas, órgãos e partes do corpo humano em Moçambique.
O estudo foi encomendado pela Comissão Episcopal para Migrantes, Refugiados e Deslocados, CEMIRDE, a pedido dos bispos católicos de Moçambique que se mostram muito apreensivos com o problema do tráfico de seres humanos, e o envolvimento de muitos médicos tradicionais na prática desse tipo de crimes.(x) Fonte:VOA