O ministro da Defesa Nacional entende que há fragilidades nas fronteiras nacionais, o que permite a entrada de armas ilegais usadas por terroristas em Cabo Delgado. Jaime Neto falava este domingo, na cimeira extraordinária da União Africana, e defendeu que questões sobre a paz merecem intervenção imediata.
Num contexto que a questão do terrorismo domina as atenções dos governos em África, e de Moçambique, em particular, Jaime Neto levou o tema para a cimeira virtual extraordinária da União Africana. Perante outros chefes de Estado e de Governo, o ministro moçambicano da Defesa falou da situação do nosso país.
“A porosidade das nossas fronteiras facilita o tráfico de armas ligeiras que são usadas por grupos criminosos, terroristas e extremistas para perpetrar actos de violência, causando destruição, morte e dor nas comunidades, impedindo as populações de se beneficiar dos dividendos da paz na forma de emprego, educação, saúde, segurança e uma subsistência condigna”, revelou o governante.
Durante a sua intervenção, o ministro da Defesa Nacional defendeu que questões sobre segurança merecem intervenção imediata, sob risco de culminar em tragédias.
Para justificar o seu posicionamento, o ministro recorreu a estatísticas do continente e de Moçambique. “O trabalho em prol da paz não pode ser adiado ou mesmo relegado para segundo plano. Apesar de melhorias na situação de estabilidade no continente, na última década, continuamos a registar várias formas de violência e conflitos armados. De acordo com estimativas divulgadas recentemente, entre 2013 e 2017, os conflitos armados terão provocado mais de 27 mil mortos e avultados danos materiais no continente. Só no meu país, desde 2017 registámos cerca de 1.100 óbitos associados à violência armada”, narrou Jaime Neto.
Porque o lema deste ano da União Africana tem a ver com a necessidade de silenciar as armas no continente africano, um dos 14 projectos-âncora da Agenda 2063 da Integração e Transformação Socioeconómica do continente, Jaime Neto falou dos esforços do Estado moçambicano para ver esse desiderato concretizado.
“A adopção deste tema para o lema do ano 2020, serviu para galvanizar o continente em torno desta questão. Como país estamos a equacionar a introdução de algumas medidas e iniciativas com vista a socializar o roteiro para o silenciar das armas, através da criação de uma unidade para o silenciar de armas; socialização da declaração de Joanesburgo – que prevê a prorrogação da implementação do roteiro da União Africana sobre as medidas práticas para silenciar as armas em África, por um período adicional de 10 anos – no âmbito da nossa presidência na SADC e incorporação deste lema no âmbito da nossa candidatura ao Conselho de Segurança das Nações Unidas em 2023-2024. É chegada a altura de usar esta iniciativa para, de uma vez por todas, desmistificar a narrativa recorrente que associa o nosso continente à violência”, concluiu o ministro.
A cimeira extraordinária da União Africana durou aproximadamente seis horas e foi dirigida pelo Presidente da União Africana e da África do Sul, Cyril Ramaphosa.(x) Fonte: O Pais