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segunda-feira, 07 dezembro 2020 17:08

Vacina não altera DNA nem tem microchip: as mentiras sobre imunização contra o coronavírus

Uma equipe de repórteres da BBC analisou algumas das informações falsas sobre vacinas mais amplamente compartilhadas nas redes sociais — tudo, desde supostas tramas para colocar microchips em pessoas até a suposta reengenharia de nosso código genético.

'DNA alterado'

O medo de que uma vacina seja capaz de mudar de alguma forma o DNA das pessoas é algo regularmente compartilhado nas redes sociais.

A BBC perguntou a três cientistas independentes sobre o assunto. Eles responderam que a vacina contra o coronavírus não alteraria o DNA humano.

Algumas das vacinas recém-criadas, incluindo a agora aprovada no Reino Unido e desenvolvida pela Pfizer/BioNTech, usam um fragmento do material genético do vírus — ou RNA mensageiro.

"Injetar RNA em uma pessoa não mexe em nada no DNA de uma célula humana", explica o professor Jeffrey Almond, da Universidade de Oxford, do Reino Unido.

A vacina funciona dando instruções ao corpo para produzir uma proteína que está presente na superfície do coronavírus.

O sistema imunológico então aprende a reconhecer e produzir anticorpos contra o vírus.

Esta não é a primeira vez que alegações de que uma vacina contra o coronavírus supostamente altera o DNA ganham força. Investigamos um vídeo popular divulgando a teoria em maio.

Algumas postagem apontavam que a tecnologia da vacina de RNA mensageiro (mRNA) "nunca foi testada ou aprovada antes".

É verdade que nenhuma vacina de mRNA foi aprovada até então, mas vários estudos com medicamentos desse porte foram testados em humanos nos últimos anos. E, desde o início da pandemia, a vacina foi testada em dezenas de milhares de pessoas em todo o mundo e passou por processos de aprovação de segurança.

Nos ensaios clínicos de fase 1 e fase 2, as vacinas são testadas em um pequeno número de voluntários para verificar se são seguras e determinar a dose certa.

Nos testes de fase 3, as imunizações são testadas em milhares de pessoas para verificar a eficácia. O grupo que recebeu a vacina e um grupo de controle que tomou placebo são monitorados de perto para quaisquer reações adversas, como efeitos colaterais. O monitoramento de segurança continua após a vacina ser aprovada para uso.

Bill Gates e microchip

A seguir, uma teoria da conspiração que se espalhou pelo mundo.

Ele afirma que a pandemia de coronavírus é uma cortina de fumaça para um plano de implante de microchips rastreáveis nas pessoas. O cofundador da Microsoft, Bill Gates, estaria por trás do plano.

Não existe um "microchip" de vacina e não há evidências que sustentem as alegações de que Bill Gates esteja planejando isso no futuro.

A Fundação Bill e Melinda Gates disse à BBC que a teoria é "falsa".

Os rumores se espalharam em março, quando Gates disse em uma entrevista que eventualmente "teremos alguns certificados digitais" que seriam usados ​​para mostrar quem se recuperou, foi testado e, finalmente, quem recebeu a vacina. Ele não fez menção aos microchips.

Isso levou a um artigo amplamente compartilhado com o título: "Bill Gates usará implantes de microchip para combater o coronavírus."

O artigo faz referência a um estudo, financiado pela fundação do bilionário, sobre uma tecnologia que poderia armazenar os registros da vacina de uma pessoa em uma tinta especial administrada com uma injeção.

No entanto, a tecnologia não é um microchip e é funciona mais como uma tatuagem invisível. Ela ainda não foi implementado, não permitiria que pessoas fossem rastreadas e informações pessoais não seriam inseridas em um banco de dados, diz Ana Jaklenec, cientista envolvida no estudo.

O bilionário fundador da Microsoft foi objeto de muitos falsos rumores durante a pandemia.

Ele foi visado por causa de seu trabalho filantrópico em saúde pública e desenvolvimento de vacinas.

Apesar da falta de evidências, em maio, uma pesquisa do YouGov com 1.640 pessoas apontou que 28% dos americanos acreditavam que Gates queria usar vacinas para implantar microchips em pessoas. O percentual crescia para 44% entre os seguidores do Partido Republicano, de Donald Trump.

 
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