Representantes políticos de mais de 50 países assinaram hoje uma declaração que apela à proteção dos jornalistas em todo o mundo, no âmbito de uma conferência organizada pela ONU a partir de Haia, anunciou o Governo holandês.
"Os jornalistas de todo o mundo devem ser mais bem protegidos para que possam cumprir o seu papel de guardiões da democracia", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros holandês, Stef Blok, na abertura da conferência promovida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e co-organizada pelos Países Baixos.
Esta conferência dedicada à liberdade de imprensa está a decorrer a partir da capital holandesa por videoconferência por causa dos constrangimentos impostos pela pandemia da doença covid-19.
"O facto de mais de 50 ministros estarem a participar nesta conferência é algo de novo", acrescentou o chefe da diplomacia holandesa, salientando que isso irá colocar "pressão diplomática" sobre os países que não assinarem a declaração.
Entre os vários intervenientes do encontro, que decorre até quinta-feira, constam a jornalista filipina Maria Ressa, alvo de ações judiciais por criticar as políticas do Presidente Rodrigo Duterte através do seu site noticioso Rappler, a ativista e escritora turca Hatice Cengiz (noiva do jornalista saudita assassinado Jamal Khashoggi), a advogada Amal Clooney, reconhecida como uma das melhores especialistas em direitos humanos, e Matthew Caruana Galizia, jornalista de investigação e filho de Daphne Caruana Galizia, a também jornalista que morreu num ataque com um carro armadilhado em Malta em 2017.
A organização não-governamental (ONG) Repórteres sem Fronteiras (RSF) sublinhou esta semana que a pandemia da doença covid-19 veio exacerbar as ameaças à liberdade de imprensa em todo o mundo.
Regimes autoritários como a China e o Irão estão a aproveitar as restrições impostas para combater a pandemia para reprimir ainda mais os meios de comunicação social, segundo denunciou a RSF.
No âmbito desta conferência, a Federação Internacional de Jornalistas divulgou hoje que 42 jornalistas e profissionais do setor da comunicação social morreram este ano quando exerciam a sua actividade profissional.
Pelo menos outros 235 profissionais estão atualmente detidos por causa de assuntos relacionado com o exercício das suas funções jornalísticas.(x) Fonte: Notícias ao Minuto