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quinta-feira, 17 dezembro 2020 00:58

Filipe Nyusi: Terrorismo em Cabo Delgado tem "mão estrangeira"

O Presidente moçambicano afirmou hoje no Parlamento que a liderança dos terroristas dos ataques em Cabo Delgado é maioritariamente estrangeira e alguns foram mortos em combate. País deve saber gerir apoios, disse Nyusi.

Um dos temas dominantes do discurso de três horas do Presidente foi a violência armada protagonizada pelos terroristas em Cabo Delgado, desde outubro de 2017. Filipe Nyusi explicou que os ataques foram antecedidos de manifestações de grupos radicais, que começaram em 2012, promovidas por um cidadão de nacionalidade tanzaniana, identificado pelo nome de Abdul Shakulo, que incitava várias práticas contrárias ao Islão, como a desobediência à Constituição da República e a proibição das crianças frequentarem as escolas.

"Dos terroristas capturados ou mortos em combate, distinguem-se cidadãos de origem tanzaniana, congolesa, somali, ugandesa, queniana e, maioritariamente, moçambicanos recrutados, para além de indivíduos de outras partes do mundo", afirmou Filipe Nyusi.

"As suas lideranças são, maioritariamente, estrangeiras, como é o caso dos tanzanianos, Sheik Ibrahimo, que foi abatido, o Sheik Hassan Zuzure, Abdul Azize. Para além destes líderes, conta-se ainda com o Sheik Aji Ulathule e Faragi Nancalaua, que foram mortos também em combate", precisou o Presidente da República.

Reorganizar a defesa nacional

O chefe de Estado falou ainda das fontes de financiamento do grupo terrorista. "Atualmente, as fontes de financiamento conhecidas são a pilhagem de produtos das populações, transferências monetárias de colaboradores via eletrónica e rendimentos provenientes do crime organizado", disse.

Com todo este currículum de terrorismo no país, Filipe Nyusi afirmou que está na hora de reuniar as tropas e reorganizar a defesa nacional.

"Para o combate ao terrorismo, o governo assume o compromisso de intensificar a formação, reequipamento e modernização das forças de defesa e segurança em todas as especialidades", afirmou o chefe de Estado, acrescentando ainda que já está a reforçar a cooperaçao internacional.

Nyusi mostra disponibilidade em dialogar, mas...

Pronunciando-se sobre a violência no centro do país protagonizada pela Junta Militar da RENAMO, o Presidente observou que, este grupo se recusa a aceitar o diálogo e a depôr as armas.

"A RENAMO nunca reivindicou esse grupo como deles, por isso, nada nos resta agora. Não temos outra solução senão desencadear operações rigorosas contra o inimigo, e é o que está a acontecer neste momento. Contudo, reafirmamos que continuamos abertos para dialogar, visando o estabelecimento da paz, desde que não seja uma chantagem contra o povo que estabeleceu um acordo de paz com a RENAMO", justificou.

Nyusi reiterou o convite à Junta Militar para aderir ao processo em curso de desarmamento, desmilitarizaçao e reintegraçao dos homens armados, que segundo afirmou, permitiu já o encerramento de seis bases da RENAMO e o desarmamento de cerca de 1490 homens, representando 29% do universo previsto.

O chefe de Estado voltou a negar que os entendimentos alcançados com o ex-líder da RENAMO já falecido, Afonso Dlakhama, para a condução deste processo estejam a ser desvirtuados. "Tudo o que acordámos está a ser implementado", concluiu.

FRELIMO dá "ok" e RENAMO "torçe" o nariz

A FRELIMO dá nota positiva ao informe do chefe de Estado, através de Feliz Sílvia, o porta-voz da bancada. "A avaliação é muito positiva, porque apesar das adversidades, o nosso país continua a crescer em todos os domínios", declarou.

Por sua vez, o porta-voz da RENAMO, Arnaldo Chalaua, disse que o comunicado deixa muito a desejar. "A corrupção flagela muito o nosso país. A questão de Cabo Delgado, a questão do centro do país (palco de ataques armados), deixa-nos de rastos", sublinhou.

"O informe do chefe de Estado devia trazer, pontualmente, o que é necesário fazer em Cabo Delgado, para que a vida volte à normalidade, tendo em conta que há um número considerável de deslocados internos e há um problema sério de violação dos direitos humanos", acrescentou Chalua.(x) Fonte: O Pais

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