Valeriano Atiracho diz estar horrorizado com a forma como os terroristas matam
O pároco da Sé Catedral de Pemba, a capital da província moçambicana de Cabo Delgado, pede pela paz na região neste de Natal, marcada pela violência há três anos.
Valeriano Atiracho dá voz ao grito de socorro que vem da população vítima do terrorismo, que já deixou milhares de vítimas.
Num recente almoço da primeira-dama, Isaura Nyusi, com cerca de mil crianças afectadas pela violência, Maria Aida, de 13 anos de idade e vítima de terrorismo, pediu paz.
ʺO que nós, em Cabo Delgado, imploramos para este Natal, é paz”, disse Aida.
Em entrevista à VOA, o pároco da Sé Catedral de Pemba afirma que a população está a sofrer e que é urgente o calar das armas.
Valeriano Atiracho diz estar horrorizado com a forma como os terroristas matam.
ʺNão tenho muita informação sobre o terrorismo mas da maneira como atacam é para criar terror mesmo porque decapitar, tirar tripas de uma pessoa na vista do irmão, na vista do pai, na vista da filha, do senhor, do marido, isso é doloroso, é deplorável. Então, da maneira como matam…No início até era mais ainda… Cortavam, despedaçavam as pessoas, com as pernas e tudo e deixavam de qualquer maneira. Por estes dias, por exemplo, até tiram cabeça e espetam ali pela estrada”, denuncia o padre, alertando que os ataques estão a fazer regredir a província.
ʺFicamos muito atrasados com essas coisas de guerras enquanto país, enquanto sociedade porque todos os esforços vão-se despender para isso. Enquanto outros países evoluem, porque não há guerra, nós vamos atrasar por causa das guerras. Então, o importante, para nós, é que a guerra termine e o povo cresça”, pede o pároco.
Os ataques terroristas em Cabo Delgado iniciaram em Outubro de 2017 e provocaram, até agora, mais de 560 mil deslocados e cerca de duas mil mortes.
Nem a igreja foi poupada.
O padre Valeriano Atiracho afirma que 20 templos católicos foram destruídos e sete abandonados e, por causa da situação de insegurança, pelo menos 30 missionários foram forçados a abandonar as suas paróquias, estando, neste momento, refugiados em Pemba e outros distritos considerados mais seguros.(x) Fonte: VOA