Um grupo de terroristas atacou, domingo, 5 de Março, a aldeia de Nanduli, no distrito de Ancuabe, a 100 Km da província de Cabo Delgado, incendiando casas e pilhando bens da população local e outras circunvizinhas.
Estes ataques, perpetrados a 30 Km do entroncamento entre a EN1 e EN380 (conhecido como “Silva Macua”), não só criaram pânico entre os populares como também forçaram as comunidades a pernoitarem nas matas.
Houve registo de movimentação da população que saiu em debanda da aldeia partiu em busca de abrigo e segurança na sede do distrito.
O facto foi confirmado, hoje, pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, que falava à margem de uma reunião virtual entre a Frelimo e o secretário-geral do partido comunista de Vietnam
Filipe Nyusi começou por dizer que o terrorismo não termina, acrescentando ainda que os terroristas atacaram uma aldeia perto de Ancuabe, província de Cabo Delgado, com o objectivo de assaltar comida.
“Por vezes, pensamos que terminou, mas o terrorismo não termina. Mesmo aqui há sinais. Sentimos alguma movimentação nesta mesma semana. Ainda ontem atacaram uma aldeia perto de Ancuabe, chamada Nhanduli. Esse ataque foi porque eles se movimentaram e as nossas forças controlaram. As pessoas saíram em debandada, mesmo assim, foi-lhes explicado que eram movimentos das Forças de Defesa e Segurança. Mais tarde, eles apareceram. Tem estado a fazer esses ataques, por vezes, à procura de comida”, explicou o Presidente da República, Filipe Nyusi.
Os dados indicam que, de 2017 a 2022, os terroristas mataram mais de duas mil pessoas no Norte de Moçambique, e até aqui, acima de 850 pessoas já ficaram deslocadas por causa da insurgência e a situação ainda está longe do fim. Houve, no domingo, mais um ataque, próximo à vila de Ancuabe, a cerca de 100 km de Pemba.
Para controlar a situação, Filipe Nyusi diz que o país precisa de melhorar a sua capacidade operativa. Para já, a prioridade é a reconstrução das zonas já recuperadas, que, há alguns meses, estavam nas mãos dos terroristas.
“O Governo aprovou um plano de reconstrução daquelas zonas que foram recuperadas na província de Cabo Delgado. Estamos a desenvolver um programa de reconstrução, porque há um regresso tímido das populações, apesar de continuarmos a dizer que precisamos de consolidar a segurança na região e, depois, para haver um regresso mais sustentável”, disse o Chefe de Estado.
AGITAÇÃO EM ANCUABE
A presença de um contingente das Forças de Defesa e Segurança, na zona de Gihote, que se deslocou para este ponto com claras indicações de repelir qualquer tentativa de ataque, criou alguma agitação no seio da população. Precisou-se de uma explicação por parte das autoridades para que a população se acalmasse.
Há relatos de algum medo por parte de populares da aldeia de Nhamomani que receiam ataques terroristas, depois de terem sido avistados homens armados naquela zona. Neste momento, questiona-se se os terroristas não terão ajustado a sua forma de actuação face à presença da Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em Moçambique (SAMIM)
Desde Julho do ano passado, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda, a que se juntou depois a SADC, permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde Agosto de 2020.(x) Fonte: OPais