O Presidente da República desafiou, esta segunda-feira, a nova vice-ministra da Saúde, Farida Urcí, a usar a sua experiência para pôr fim ao mau atendimento, cobranças ilícitas nos hospitais, escassez e desvio de medicamentos no sector da saúde. Filipe Nyusi apelou ainda ao envolvimento do sector privado para a implantação de uma indústria farmacêutica no país.
A nova vice-ministra da Saúde chama-se Farida Urcí, uma profissional com uma experiência de mais de 20 anos, tendo exercido funções diversas, com destaque para o de directora do Bloco Operatório e da Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital Central de Maputo (HCM).
No acto da sua tomada de posse, Filipe Nyusi exortou a nova número dois do MISAU a dar o seu contributo para o combate ao mau atendimento, corrupção, cobranças ilícitas, fraca gestão de logística hospitalar, este último que culmina com a crise de medicamentos nos hospitais.
“Estes problemas devem ser ultrapassados através de um trabalho de equipa harmoniosamente coordenada. Tendo em conta a sua experiência, espero que coloque à disponibilidade os seus conhecimentos para ajudar a eliminar estes entraves provocados por homens e mulheres que juraram dar as suas vidas ao serviço da humanidade, manchando, muitas vezes, o nome da classe nobre que muito faz para o nosso país”, desafiou o Presidente da República.
Dirigindo uma mensagem directa a Farida Urcí, Filipe Nyusi apontou a logística hospitalar como um dos principais desafios da empossada, como uma medida para garantir que as populações tenham acesso aos serviços de saúde.
“Há que reforçar a planificação, a organização e a gestão da logística hospitalar, para estancar as irregularidades que habitualmente se verificam na aquisição, armazenamento e distribuição de medicamentos, causando a sua ruptura, originada por roubos, falta de competências na gestão de stocks, fraco controlo de qualidade, entre outros motivos”, acrescentou o Chefe de Estado.
O Presidente da República apelou, ainda, para o envolvimento do sector privado, com vista à implementação de uma indústria farmacêutica nacional, a curto ou médio prazo, por forma a reduzir a dependência de Moçambique.
Para Nyusi, o país deve parar de comprar medicamentos como aspirina e cloroquina, pois há capacidade interna para a implantação de fábricas, mas só será possível com a cooperação entre o sector público e privado, evitando que este segundo seja visto como concorrente.
“Gostaria que este assunto fosse levado a sério e começássemos a produzir vacinas no país. Não importa se é vacina contra a COVID-19, pois o princípio é o mesmo”, disse Nyusi, referindo-se a uma possibilidade que poderá garantir que o país reduza o volume das importações que, a cada ano, sobe, reduzindo a falta de medicamentos no país e “melhorar a rapidez na aquisição de medicamentos e outros produtos no sector da saúde público-privado.”
Já a empossada disse ser cedo para apontar estratégias, pois ainda precisa de se inteirar dos processos, planos e projectos da instituição, no entanto assumiu o desafio lançado pelo Presidente da República e afirmou que vai contribuir para a melhoria do sistema da saúde no país.
“Vou dedicar todo o meu esforço, como sempre fiz, mas, agora, será a dobrar, porque já não é só o HCM, mas todo o país que está na expectativa de que melhore a qualidade do atendimento nos hospitais”, disse Farida Urcí, actual vice-ministra da Saúde
Farida Urcí é licenciada em Medicina pela Universidade Eduardo Mondlane, especialista em Anestesiologia e Reanimação Cirúrgica pela Universidade Victor Segalen Bordeaux e Hospital Central de Maputo, com sub-especialidade em Anestesia e Reanimação para Cirurgia Cardiotorácica e Vascular pelo Hospital Geral e Clínico Valência, na Espanha.
Urci possui experiência na área de gestão, tendo exercido as funções de directora clínica do Hospital Distrital de Magude, directora dos Blocos Operatórios do HCM, onde foi também directora da Unidade de Cuidados Intensivos.
Na sua caminhada profissional, a nova vice-ministra da Saúde ganhou experiência na docência de disciplinas como Medicina Interna em Emergências Médicas na Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane e outros cargos.(x) Fonte: OPais