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terça-feira, 26 julho 2022 04:56

Autoridades em Mocímboa da Praia pedem calma aos deslocados que tentam voltar

A população de Mocímboa da Praia, no norte de Moçambique, já está à regressar a casa. Mas as autoridades locais pedem um regresso "gradual", lembrando que o terrorismo ainda não foi erradicado em Cabo Delgado.

O secretário permanente de Mocímboa da Praia apelou esta segunda-feira (25.07) a população para que aguarde pelas orientações do Governo para regressar à região.

"As pessoas estão a regressar e nós achamos que, se calhar, elas não estão a perceber as nossas mensagens, apelando para que esperem mais um pouco", disse João Saraiva, secretário permanente do distrito de Mocímboa da Praia, citado hoje pela Rádio Moçambique.

Mocímboa da Praia foi o distrito em que grupos armados protagonizaram o seu primeiro ataque no dia 5 de outubro de 2017, tendo a sua vila sido, por muito tempo, descrita como a "base" dos rebeldes.

Após mais de um ano nas "mãos" de insurgentes, Mocímboa da Praia foi saqueada e quase todas as infraestruturas públicas e privadas foram destruídas, bem como os sistemas de energia, água, comunicações e hospitais.

No total, cerca de 62 mil pessoas, quase a totalidade da população, abandonaram a vila costeira devido ao conflito nos últimos quatro anos, com destaque para as fugas em massa que ocorreram após a intensificação das ações rebeldes em junho de 2020.

Regresso da população a Mocímboa da Praia deve ser "gradual”

Para o secretário permanente daquele distrito, apesar de a região ter sido recuperada pelas forças governamentais, o regresso da população deve ser gradual e sob orientações do Governo, que continua a envidar esforços para a reabilitação de infraestruturas básicas e a garantia da segurança do local, na medida em que o terrorismo ainda não foi erradicado em Cabo Delgado.  

"Precisamos de um pouco de paciência por parte da população", frisou o secretário permanente do distrito. 

Mocímboa da Praia está situada a 70 quilómetros a sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural conduzido por várias petrolíferas internacionais e liderado pela Total. 

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. 

Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED. 

Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, incluindo Mocímboa da Praia, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio.(x) Fonte: DW  

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