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segunda-feira, 15 agosto 2022 08:48

Bernardo Mariano Júnior: Moçambique pode aproveitar presença no Conselho de Segurança para garantir Força e Manutenção de Paz

Secretário-Geral Assistente das Nações Unidas para a Area das Tecnologias de Informação e Comunicação recomenda Governo de Maputo a dotar a equipa com pessoas com muita experiência em termos multilaterais

Quando a partir de 1 de Janeiro de 2023 Moçambique assumir o lugar de membro-não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o país poderá promover uma resolução das Nações Unidas especificamente para a situação de Cabo Delgado, província assolada por ataques terroristas desde 5 de Outubro de 2017 e solicitar a criação de uma força de manutenção de paz, não apenas para aquela província mas também para outros países africanos fustigados pelo terrorismo.

A opinião é de Bernardo Mariano Júnior, moçambicano que ocupa, há um ano, o cargo de Secretário-Geral Assistente das Nações Unidas para a área das Tecnologias de Informação e Comunicação, na sede da ONU, em Nova Iorque.

Em entrevista à VOA, Mariano Júnior diz que a eleição foi um marco histórico e que o Governo deve agir com inteligência quando assumir o seu assento naquele órgão, a começar pela criação de uma equipa que seja altamente profissional e que estude e aborde os assuntos com muito cuidado e astúcia.

“As características das pessoas que têm de apoiar Moçambique, são pessoas que trabalharam numa embaixada que tem assuntos multilaterais, como por exempos embaixadores que estiveram em embaixadas em Bruxelas, por exemplo, na Suíça, em Nova Iorque, que tiveram experiência num contexto multilateral. Pessoas que estiveram em entidades não-governamentais que têm esta discussão multilateral, como, por exemplo, o Banco Mundial, que são instituições que lidam muito no sistema multilateral e também tem aquela parte bilateral”, defende o Secretário-Geral Assistente das Nações Unidas para a área das Tecnologias de Informação e Comunicação, para quem “essas pessoas com esse tipo de experiencia são pessoas que podem trazer uma mais-valia para qualquer decisão que Moçambique tomar dentro do Conselho de Segurança em todos os assuntos que vierem à mesa.”

Moçambique poderá usar o seu assento para influenciar a organização para aprovar uma resolução que mobilize uma força de manutenção de paz para a província de Cabo Delgado, segundo Bernardo Mariano Júnior.assolada desde 2017 por ataques terroristas.
 
“Neste momento, tem o apoio das Nações Unidas na parte humanitária, tem o apoio das Nações Unidas em termos de reconstrução e apoio social e humanitário na região, mas oas os intervenientes militares em Cabo Delgado são intervenientes que estão associados a uma relação multilateral ou bilateral de Moçambique dos vários países que estão apoiando… …mas, mais tarde, pode dizer: não, isso vai ser uma força da União Africana, uma força das Nações Unidas que já tem outro tipo de apoio e sustentabilidade”, explica aquele profissional, advogando que o Governo pode agora reunir apoios e muitos países nesse sentido.

Da mesma forma, Moçambique pode solicitar igualmente a criação de forças de manutenção de paz para outros países africanos fustigados pelo terrorismo.

Bernardo Mariano Júnior insiste ser importante que tudo se faça para que o conflito, em Cabo Delgado, termine o mais depressa possíve e alerta que se a operação militar for muito demorada, pode cansar a comunidade internacional.

No seu entender, as autoridades moçambicanas devem estipular prazos e sejam prazos razoáveis.

“Moçambique tem que olhar para esse problema do terrorismo como uma prioridade de se combater e usando este apoio que tem. Porque eu diria que, se daqui a cinco anos, continuarmos com o mesmo problema que temos hoje, nas mesmas situações, sem avanço, há-de haver um centro cansaço daqueles que estão a apoiar-nos. Então, temos que evitar chegar a esse estágio””, conclui o Secretário-Geral Assistente das Nações Unidas para a área das Tecnologias de Informação e Comunicação.

Há 29 anos ele trabalha no sistema das Nações Unidas, sendo 25 na Organização Internacional para as Migrações e cerca de quatro na Organização Mundial da Saúde.


Os ataques protagonizados por grupos associados ao Estado islâmico já mataram, segundo o Ministério da Defesa Nacional, cerca de 2.400 terroristas e provocaram o deslocamento forçado de mais de 800 mil pessoas.(x) Fonte: VOA
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