Em declarações à DW, comerciantes quenianos dizem estar satisfeitos com a forma "tranquila" como decorreram as eleições, e preparam-se para regressar ao trabalho.
No Quénia, o rescaldo das eleições presidenciais está a ser mais calmo do que em votações anteriores. Embora o candidato derrotado, Raila Odinga, tenha anunciado que vai contestar judicialmente os resultados anunciados esta semana pela Comissão Eleitoral, a população mostra-se satisfeita com o ambiente vivido nas votações.
De modo a evitar uma repetição da violência pós-eleitoral que assolou o país em 2007 e 2017, vários comerciantes quenianos fecharam os seus negócios neste período de eleições. Agora, contam à DW que é hora de voltar ao trabalho, até porque o país enfrenta uma grave crise económica.
"Apesar de terem sido umas eleições extremamente duras, estou espantada com o facto de tudo aqui em Nairobi estar a voltar ao normal. Esta é a primeira vez que vivemos uma situação tão calma após umas eleições. Eu votei no Raila Odinga e esperava que ele ganhasse, mas aceito os resultados e estou contente por podermos avançar como país”, disse um comerciante queniano.
"Tivemos as eleições mais pacíficas de sempre. Os negócios já estão de volta ao normal, as pessoas estão calmas, devemos realmente agradecer a Deus", acrescenta outro comerciante.
Vitória "adiada"
Segundo vários analistas, para recorrer dos resultados das eleições do passado dia 9 de agosto, Raila Odinga deverá apresentar um requerimento junto do Supremo Tribunal do Quénia. No entanto, nota o advogado queniano Bobby Mkangi, ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, desta vez "há o sentimento" entre as pessoas que as "eleições foram transparentes".
Martha Karua, companheira de corrida de Raila Odinga, disse esta quarta-feira (17.08) que a vitória da coligação da oposição foi apenas "adiada".
"A nossa vitória foi adiada, mas há de chegar. Estamos a explorar todas as vias legais e constitucionais. Mas esta é a mensagem, que todos saibam que a vitória está a chegar", assegura.
Confrontado com esta possibilidade, o Presidente eleito William Ruto afirmou que se vai envolver em qualquer processo judicial que questione a sua vitória.
"Se estes casos judiciais forem abertos, participaremos neles porque somos democratas, cremos no Estado de direito", afirma.
Também em declarações esta quarta-feira, o chefe da Comissão Eleitoral Independente do país afirmou que as últimas eleições presidenciais foram "as mais transparentes" da história do país. Os resultados oficiais demonstram que William Ruto venceu as eleições com 50,5% dos votos, contra 48,85% dos votos atribuídos a Raila Odinga. (x) Fonte:DW