O Standard Bank prevê uma ligeira redução da inflação, que tem estado a registar uma subida nos últimos meses, mas adianta que tal só poderá acontecer até ao fim do ano, quando atingir uma média de 11,7%. O pico, estimado em 12,2%, poderá ser em Agosto.
Segundo o economista-chefe do banco, Fáusio Mussá, este cenário deve-se a uma série de choques, internos e externos, a que a economia nacional tem sido exposta, com destaque para o impacto das mudanças climáticas sobre o preço dos alimentos e da guerra na Ucrânia sobre o preço dos combustíveis, com efeito sobre os restantes preços na economia.
Para responder a estas ameaças, explica, o Governo anunciou, por exemplo, a intenção de subsidiar o transporte, assim como uma componente de importação de combustíveis para garantir uma certa estabilidade dos preços, “sobretudo porque as camadas mais vulneráveis da nossa sociedade são as que mais se ressentem do impacto do aumento do preço dos combustíveis”.
“Neste cenário, a nossa expectativa é que o Banco de Moçambique mantenha a taxa de juro de referência da política monetária (MIMO) até ao fim do ano no actual nível de 15,25%, mas não há garantias de que tal venha a suceder, sobretudo se houver alguma surpresa que se traduza numa inflação mais elevada do que a prevista”, sublinhou.Fáusio Mussá, que falava recentemente, na sessão virtual do Economic Briefing, mostrou-se preocupado com a queda das reservas internacionais, que tem resultado na redução dos meses de cobertura de importações para cerca de 4,7 meses, o que pode ter um impacto na evolução do Metical.
Entretanto, afirma que, face ao aumento da ajuda externa (por parte do Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e outros parceiros de apoio), é expectável que o Governo consiga, nos próximos meses, restaurar o nível de reservas para um rácio superior a quatro meses de importações.
“Isso pode ajudar a reduzir algumas pressões que se registam no mercado cambial sob ponto de vista de liquidez”, indicou.
Num outro desenvolvimento, o economista-chefe do Standard Bank considerou que a melhoria das condições de segurança que se regista nas zonas próximas aos projectos de exploração de gás natural na Bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, pode ditar a retoma das obras de construção do complexo da TotalEnergies, na península de Afungi, no distrito de Palma, na primeira metade do próximo.
Os trabalhos na Área 1, com um investimento estimado em mais de 20 biliões de dólares norte-americanos, o maior em curso no continente africano, foram suspensos em Abril de 2021, depois de os terroristas terem atacado a vila de Palma.
A suspensão das obras deste projecto, de acordo com Fáusio Mussá, vai resultar num atraso no início da exploração deste recurso, o que, por sua vez, vai reflectir-se na sua contribuição na economia nacional em termos de exportações e diversificação das receitas do país.“Do ponto de vista de exportações, a nossa expectativa é que o projecto da Área 1 comece a exportar a partir de 2026, o que significa que, entre o fim deste ano e a primeira metade de 2023, a TotalEnergies retome a construção”, frisou.
Fáusio Mussá referiu-se, igualmente, ao projecto da Exxon Mobil, cuja Decisão Final de Investimento (FID, em inglês) ainda não foi tomada, o que, na sua opinião, está ligado à suspensão das obras por parte da TotalEnergies.
“Em princípio, é provável que a Decisão Final de Investimento seja tomada num período máximo de 12 meses após a retoma do projecto da Área 1, cujo consórcio é liderado pela multinacional francesa TotalEnergies”, concluiu.
Realizado regularmente pelo Standard Bank, o Economic Briefing é um evento que tem por objectivo orientar os seus clientes, em particular, e o mercado, em geral, na tomada de decisões, através da partilha das principais tendências da economia nacional. (x) Fonte: O Pais