Durante uma incursão terrorista na aldeia de Mopanha, no distrito de Ancuabe, na quarta-feira, 17 de abril de 2024, três jovens mulheres foram capturadas. Enquanto uma conseguiu escapar, as outras duas, Elisa Lucas e Amina Marino, foram libertadas posteriormente. Em depoimentos exclusivos à Zumbo FM, elas relataram o trauma vivido naquele dia.
As lembranças de dor e medo ainda são intensas para Amina Marino, que, poucas horas após o nascimento de seu bebê, foi surpreendida em casa pelos terroristas.
"Fomos surpreendidos por pessoas que não conhecíamos. Eles chegaram e nos cumprimentaram, mas ficamos confusos. Eram cerca de 18h. Eles nos forçaram a permanecer em casa e disseram para não fugirmos. Mesmo sem entender o motivo, obedecemos. No entanto, o medo nos levou a fugir para a mata, onde nos escondemos enquanto os terroristas capturavam minha cunhada", contou Amina.
Elisa Lucas também viveu momentos de terror. Ela foi forçada a guiar os terroristas pela aldeia.
"Eles me pegaram e me obrigaram a mostrar onde estavam as barracas. Fiquei com medo e acabei levando-os até lá. Eles saquearam tudo e depois me liberaram, mas avisaram que voltariam. Quando cheguei em casa, fugi," relatou Elisa.
A violência psicológica sofrida pelas vítimas é alarmante. Os terroristas, embora não tenham ferido fisicamente Elisa, ameaçaram a segurança da aldeia, prometendo queimar igrejas cristãs que encontrassem pelo caminho.
Psicólogos alertam para a necessidade urgente de apoio psicológico a essas vítimas. Dedi Feliciano, especialista na área, enfatiza a importância de mudar as vítimas de ambiente, já que permanecer no local do trauma pode agravar os danos psicológicos.
"Um dos primeiros passos para a recuperação é sair da área afetada. O mesmo espaço físico pode reativar memórias traumáticas. Precisamos isolar essas pessoas para que possam recomeçar", explicou Feliciano.
Benedito Lopes, também psicólogo, reforça a necessidade de assistência no local. Ele sugere que o governo aloque profissionais de saúde mental para ajudar as vítimas a lidar com o trauma.
"É essencial que os psicólogos estejam no terreno, proporcionando orientação e atividades que ajudem a aliviar o peso emocional que essas pessoas carregam", afirmou Lopes.
Cabo Delgado sofre com ataques terroristas desde outubro de 2017. O conflito já deslocou mais de um milhão de pessoas e provocou cerca de quatro mil mortes, segundo dados oficiais.( x)
Por: Rafael Cocorico
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