Entre janeiro e agosto de 2024, a província de Cabo Delgado registou mais de 1100 casos de desmaios inexplicáveis entre raparigas, especialmente em escolas. A situação gerou grande preocupação entre as autoridades de saúde e as comunidades locais, que buscam respostas urgentes.
Os dados foram divulgados recentemente durante a conferência provincial das lideranças religiosas da Província de Cabo Delgado, pela psicóloga Baina Armando, da Direção Provincial de Saúde.
A psicóloga Baina Armando descreveu a situação como grave e apontou as possíveis causas dos desmaios, destacando que o Instituto Nacional de Saúde está conduzindo uma investigação aprofundada. Ela relatou que, embora 250 das raparigas tenham sido levadas a unidades de saúde, apenas 10 pais responderam ao pedido para comparecer.
“Estamos realizando exames detalhados para compreender a origem desses desmaios em massa. Ainda não podemos confirmar se é um problema de saúde pública ou se condições ambientais estão envolvidas. Atualmente, o Instituto Nacional de Saúde está a conduzir uma investigação profunda para identificar as causas destes incidentes e encontrar uma solução,” afirmou a psicóloga Baina Armando.
Ela acrescentou que, de acordo com os relatos das raparigas afetadas, as crises parecem estar ligadas ao estado emocional de cada uma.
“Trabalhamos em quatro escolas e com os pais destas meninas. É crucial envolver os cuidadores para entender profundamente o problema. Muitas vezes, estas jovens enfrentam pressões emocionais que, sem a capacidade de resiliência, resultam em desmaios,”explicou a psicóloga Baina Armando.
O Secretário de Estado da Província de Cabo Delgado, António Njhe Supeia, também se pronunciou sobre o assunto, pedindo o envolvimento da comunidade na resolução do problema.
“A população está a pedir para que o Governo resolva, mas o que temos dito é que este é um problema social que todos devemos enfrentar juntos. Os pais devem participar na solução. Este é um assunto que devemos continuar a debater. Felizmente, já temos especialistas a tratar do problema, e estamos a ouvir também a perspetiva dos líderes religiosos, que estão a realizar orações,” afirmou o Secretário de Estado da Província de Cabo Delgado, António Njhe Supeia.
Entretanto, a Zumbo FM Notícias conversou com algumas das jovens afetadas pelos desmaios. Amélia Chitunda, de 15 anos, descreveu sua experiência como aterrorizante.
“Foi como se eu não conseguisse respirar, e tudo ficou escuro. Quando acordei, estava cercada por colegas e professores, todos preocupados,” desabafou Amélia Chitunda.
Lurdes Mário, de 14 anos, contou uma experiência semelhante. “Meu corpo parecia ter parado de funcionar. Tentei pedir ajuda, mas não consegui falar. Desde então, sinto-me extremamente fraca e assustada,”explicou Lurdes Mário.
Marta Zangue, de 16 anos, partilhou como os desmaios mudaram sua vida. “Antes, eu participava de todas as atividades escolares, mas agora tenho medo de me cansar. Este problema transformou completamente minha rotina,” relatou Marta Zangue.
Líderes religiosos da Província também começaram a mobilizar-se, oferecendo apoio espiritual às famílias afetadas. O pastor Cardoso Sair comentou.
“Estamos mal com o fenômeno. Realizamos orações coletivas, buscando proteção e orientação para nossas crianças. É um momento de grande angústia, e as famílias estão recorrendo à fé.”
O Sheik Celestino Bachir também se pronunciou, pedindo união e oração.
“Pedimos a todos que se unam em oração e mantenham a fé. Exigimos que as autoridades realizem uma investigação profunda para encontrar uma solução rápida e aliviar o sofrimento destas jovens e suas famílias,” declarou o Sheik Celestino Bachir.
A nossa equipa de reportagem também conversou com os pais e encarregados de educação. Joana Ngoma, mãe de uma das meninas afetadas, expressou o medo e a incerteza que as famílias estão enfrentando.
“Estamos aterrorizados. Não sabemos o que está causando esses desmaios. Minha filha sempre foi saudável, mas agora vive ansiosa e temerosa. Pedimos que as autoridades ajam rapidamente,”relatou Joana Ngoma.
Germano Makunhade, outro encarregado, partilhou suas preocupações. “Esse problema já atingiu outro nível. Tenho que sair todos os dias para levar minha filha à escola, e isso está gerando custos extras. Este problema está a ser demais,” lamentou Germano Makunhade.
Júlio Keet, também afetado, apelou ao governo da para a resolução do problema.“O que pedimos ao governo provincial e central é que resolvam esta situação. Estamos cansados. As meninas não estão a estudar por causa disto. Pedimos socorro e, por vezes, recorremos à igreja para ver se conseguimos minimizar esta situação. Tem sido a melhor opção,”desabafou Júlio Keet.(x)
Por Bonifácio Chumuni
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