Cerca de 88 mulheres foram diagnosticadas com fístula obstétrica no primeiro semestre de 2024. Esta condição médica, que ocorre quando uma abertura anormal se desenvolve entre órgãos internos, como a vagina e o reto ou a bexiga, está geralmente associada a complicações durante o parto, sobretudo em áreas com acesso limitado a cuidados obstétricos.
O cirurgião Alberto Alforma, que lidera a campanha de tratamento na província, explicou, em entrevista à Zumbo FM Notícias, que estes casos estão relacionados com as condições dos sistemas de saúde nas zonas rurais. “Durante os primeiros seis meses do ano, registámos e tratámos 88 pacientes com fístula obstétrica. Deste total, 30 foram submetidas a cirurgia. Os hospitais provincial, rural e distrital, além do Centro de Saúde de Metoro, realizaram campanhas de observação e reparação. O Hospital Provincial atendeu 16 casos e operou 8; o Hospital Rural de Montepuez observou 15 e operou 4; os demais pacientes foram atendidos em Chiúre e Metoro", detalhou o médico.
Alforma destacou factores como os casamentos precoces, partos prematuros e o acesso limitado a cuidados obstétricos como causas da fístula. "Muitas das mulheres não têm conhecimento ou acesso a cuidados médicos durante a gravidez. As barreiras culturais também influenciam, já que, em muitas comunidades, a decisão de procurar uma unidade de saúde depende da autorização dos familiares", afirmou.
A disponibilidade de infraestruturas e de profissionais especializados também foi mencionada. “Existe uma carência de unidades de saúde equipadas para realizar cirurgias obstétricas nas zonas rurais. Além disso, precisamos de formar mais profissionais na área para lidar com esta condição”, apontou o cirurgião.
A fístula obstétrica é uma condição observada em várias partes do mundo, especialmente na África Subsaariana e em áreas com sistemas de saúde limitados. Estima-se que ocorram 75 mil novos casos por ano.
Em Cabo Delgado, Alforma sublinhou a importância de investimentos na expansão dos serviços de saúde e na educação para prevenir novos casos. Ele concluiu apelando a acções concretas: "Se não reforçarmos o sistema de saúde e não capacitarmos os profissionais locais, continuaremos a enfrentar este problema de saúde pública”, concluiu o médico cirurgião Alberto Alforma. (x)
Por: Esperança Picate
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