O jurista e académico português Jorge Bacelar Gouveia lançou um sério alerta sobre o futuro de Moçambique, apontando que há potências internacionais interessadas em dividir o país para se apoderarem dos seus recursos naturais. Em entrevista ao Jornal Zambeze, Gouveia destacou que os ataques em Cabo Delgado são parte de uma estratégia de desestabilização, e fez um apelo à unidade nacional para resistir a essa ameaça.
De acordo com Bacelar Gouveia, as multinacionais que operam em Moçambique estão envolvidas em um plano que visa não só a divisão territorial, mas também a criação de conflitos internos entre os moçambicanos. Ele alerta que essas potências estrangeiras veem uma nação fragmentada como um alvo mais fácil de controlar e explorar. "Eles têm feito de tudo para que Moçambique seja desmembrado, porque podem dominar mais facilmente um terço do território do que o país inteiro", afirmou.
O académico português não forneceu detalhes específicos sobre quais potências estariam envolvidas, mas garantiu que existem evidências de que interesses externos estão a alimentar a crise em Cabo Delgado. Gouveia alertou que a delapidação dos recursos naturais, como gás e minerais, seria facilitada se o país fosse fragmentado.
Durante sua estadia em Moçambique, Bacelar Gouveia participou de uma palestra em Maputo intitulada "Democracia, Paz e Descentralização em Moçambique", onde destacou o impacto dos ataques terroristas na província de Cabo Delgado. Segundo ele, os insurgentes tendem a expandir sua área de atuação, ampliando o caos em regiões ricas em recursos minerais e afetando diretamente a população indefesa.
"A situação em Cabo Delgado atingiu níveis alarmantes de descontrolo, com as Forças de Defesa e Segurança (FDS) a enfrentarem dificuldades em conter a insurgência. Esses ataques estão claramente ligados aos interesses das multinacionais predadoras", afirmou.
Para Gouveia, o caminho para evitar a divisão do país passa pela unidade nacional e pela rejeição de qualquer tentativa de fragmentação territorial. Ele sublinha que permitir que o país seja dividido seria uma traição à história de luta anti-colonialista de Moçambique, que foi forjada com o esforço coletivo de todos os seus cidadãos.
"O combate ao colonialismo português foi uma luta de todos os moçambicanos, e dividir o país significaria dividir também o esforço abnegado daqueles que lutaram pela independência", explicou o académico.
Outro ponto levantado por Bacelar Gouveia foi a ideia de federalizar Moçambique. Ele afirmou que essa proposta seria "catastrófica e injusta" para o povo, especialmente no contexto atual de crise e insegurança. Segundo ele, o sistema federal poderia fragmentar o poder político e administrativo, tornando o país mais vulnerável às pressões externas.
Gouveia concluiu a entrevista destacando que Moçambique precisa, antes de mais nada, denunciar os interesses predatórios das potências internacionais e sensibilizar a sociedade sobre o valor da unidade nacional. Ele acredita que a conscientização é a chave para resistir à divisão e preservar a integridade territorial do país.
"Os moçambicanos devem estar unidos para contrariar os apetites das multinacionais predadoras que tentam, por meio de artimanhas, dividir o povo. Se isso acontecer, será uma traição à história de Moçambique", afirmou.
Enquanto Moçambique continua a lidar com os desafios impostos pela insurgência em Cabo Delgado, o alerta de Bacelar Gouveia serve como um lembrete da importância da coesão nacional diante de ameaças externas que visam desestabilizar o país para fins econômicos. (x)
Fonte: Jornal Zambeze
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