A pesca ilegal de peixes juvenis continua a representar uma ameaça significativa para os ecossistemas marinhos de Cabo Delgado, colocando em risco a biodiversidade e comprometendo a sustentabilidade dos recursos pesqueiros na província.
O alerta foi dado pelo Delegado Provincial da Administração Nacional de Pesca (ANP), Acácio Mussa, durante uma entrevista exclusiva à Zumbo Notícias, realizada na manhã desta terça-feira, 12 de Novembro, no centro de pesca de Cumissiti, bairro de Paquitequete, cidade de Pemba, momentos após a cerimônia de divulgação dos períodos de defeso e veda das pescarias de camarão de superfície, caranguejo do mangal e polvo para a temporada 2024-2025.
"Os impactos da pesca são enormes para o próprio ecossistema. Se nós tiramos um produto que não atingiu a sua maturação, alguma coisa alteramos no seu habitat. Isso porque as espécies não crescem como devia ser, limitamos em termos de produção. Essas espécies não conseguem reproduzir porque, tiramos antes da fase de maturação", afirmou Mussa, destacando os prejuízos ambientais e econômicos causados pela retirada precoce de peixes do mar.
O delegado também sublinhou que, por muitos anos, as comunidades pesqueiras de Cabo Delgado viviam uma realidade em que espécies de peixes menores eram capturadas em grandes quantidades, sem qualquer benefício para a população local.
"Há algumas espécies em que, anos atrás, nós verificávamos que as espécies que se pescavam e a população não comia eram muito pequenas. Pescavam, traziam para a comunidade, e como ninguém comprava, acabavam deitando fora. Então, é o prejuízo para a nossa própria riqueza. Quem usa essas riquezas somos nós próprios moçambicanos, então, é prejuízo porque não conseguimos nem vender."
Em resposta a essa realidade, o governo tem investido na implementação de políticas de gestão pesqueira mais rigorosas, com o apoio dos Conselhos Comunitários de Pescas. Mussa ressaltou que esses conselhos têm desempenhado um papel fundamental na mudança de comportamentos e na conscientização das comunidades pesqueiras.
"Para além disso, conseguimos passar por este processo através dos Conselhos Comunitários de Pescas. Por isso, ultimamente não se verifica mais essa prática de pescar espécies juvenis. Todo aquele que circula nesta cidade de Pemba já consegue ver a diferença entre o que acontecia antes, há dois anos atrás, e o que está a acontecer agora, porque os nossos Conselhos Comunitários de Pescas estão a trabalhar neste sentido de evitar que essa prática seja recorrente nos nossos centros de pesca", explicou Mussa, no ambiente da cerimônia, que reuniu autoridades locais, pescadores e representantes da sociedade civil.
A eliminação de métodos de pesca destrutivos também tem contribuído para essa transformação. A prática de usar redes mosquiteiras, que antes causava grandes danos aos ecossistemas marinhos, foi amplamente erradicada.
"Eu confirmo a redução da pesca de peixes pequenos. Nós até praticávamos a pesca, por exemplo, com a questão da rede de arrasto, assim como redes mosquiteiras. Então, se fores a passar nos nossos centros de pesca, é difícil encontrar rede mosquiteira. Então, com a eliminação da rede mosquiteira, significa que essa pesca já não ocorre", afirmou Mussa, destacando as mudanças visíveis nas zonas pesqueiras de Pemba e arredores.
A cerimônia que marcou a divulgação dos períodos de defeso e vedação das pescarias de camarão de superfície, caranguejo do mangal e polvo para a temporada 2024-2025, reforça o compromisso de assegurar que os recursos pesqueiros da província sejam utilizados de forma responsável, garantindo que as futuras gerações também possam usufruir dessas riquezas naturais. (x)
Por: António Bote
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