O dia 15 de dezembro de 2024 será lembrado como o início de um pesadelo sem fim para centenas de famílias do distrito de Mecúfi, em Cabo Delgado.
O ciclone Chido, com ventos que atingiram 200 km/h e chuvas torrenciais, causou uma devastação sem precedentes, arrastando casas, plantações e sonhos. A tragédia expôs a vulnerabilidade das comunidades locais, que já enfrentavam os impactos de conflitos e pobreza, deixando os moradores em um profundo desespero e clamando por socorro.
Amina Zacarias, residente de Mecúfi, relembra com pesar a noite do ciclone.
“A chuva começou forte e, depois, veio o vento. Foi de madrugada, às 3h, e só terminou por volta das 7h. A casa começou a perder as chapas, que voavam de qualquer maneira. Eu, meu marido e os meus filhos ficamos dentro de casa, entregues nas mãos de Deus. Não saímos. Agora, precisamos de ajuda urgente para reconstruir. Chapas e barrotes são essenciais para termos um teto novamente”, contou.
Ana Morreira, uma das muitas vítimas, descreve a sensação de impotência diante da força da natureza.
“O vento era tão forte que, de repente, minha casa caiu. Não restou nada. Eu estou a dormir no chão, sem cama, sem nada. Foi uma chuva intensa acompanhada de vento que desabou as paredes em questão de segundos. Estou desesperada. O ciclone levou tudo e deixou apenas dor e sofrimento.”
Omar Sabone também perdeu tudo. “Foi algo que nunca imaginei ver. As chapas da casa foram levadas, os móveis e pratos destruídos, e a casa inteira desabou. Durante a chuva, não havia para onde correr, e eu me abriguei debaixo de um coqueiro. Hoje, só me restam lamentações e pedidos de socorro. Precisamos de chapas para ao menos reconstruir algo para dormir”, lamentou.
Bernambe Mbula, um deslocado de Mocímboa da Praia que havia começado a reconstruir sua vida em Mecúfi, viu seus esforços desmoronarem novamente.
“Cheguei aqui com esperança e consegui erguer uma casa e cultivar os meus campos. Não dependia mais de apoio humanitário. Mas o ciclone levou tudo o que eu havia conquistado. Não temos onde dormir quando anoitece. Pedimos ajuda ao governo. Qualquer coisa será bem-vinda”, pediu.
O administrador de Mecúfi, Fernando Neves, fez um apelo urgente à solidariedade nacional.
“A destruição causada pelo ciclone Chido é sem precedentes na história recente de Mecúfi. Estimamos que mais de 81 pessoas perderam a vida e 400 ficaram feridas. Centenas de famílias perderam suas casas, plantações e bens essenciais. O governo local está fazendo o possível para fornecer apoio imediato, mas precisamos de mais ajuda. Este é um momento crítico que exige a união de todos”, disse o administrador de Mecúfi, Fernando Neves.
Maria Zainabo, mãe de cinco filhos, expressou sua dor e necessidade de apoio.
"Minha casa foi destruída. Estamos a dormir no chão, sem redes, à mercê dos mosquitos. Meus filhos choram de fome e frio. Não sei o que fazer. Precisamos de comida, roupas e materiais para reconstruir. Por favor, nos ajudem."
João Salimo, pescador da região, também sofreu a perda de seu sustento.
"O vento forte levou o meu barco para longe. Agora, não posso pescar, e minha família está sem comida. Tudo o que conseguimos salvar foram algumas roupas. Pedimos ao governo que nos ajude", disse.
Com a destruição generalizada e a falta de recursos, as famílias tentam se reorganizar, mas enfrentam sérios desafios diários. Sem um plano de emergência eficaz e com recursos limitados, o futuro de Mecúfi permanece incerto. A tragédia expôs ainda mais as vulnerabilidades de uma região já marcada por conflitos e desigualdade social. (x)
Por: Bonifácio Chumuni
Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as noticia da Zumbo FM Noticias com os seus contactos. Muito Obrigado por visitar o nosso website!