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quarta-feira, 01 janeiro 2025 12:05

Cabo Delgado: PRM notifica ACNUR por distribuir apitos em kits de ajuda humanitária em Pemba

Imagem ilustractiva. Imagem ilustractiva.

Após as eleições gerais de 9 de Outubro de 2024, Moçambique viu o apito ganhar um papel inesperado como símbolo de resistência política. O opositor Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido PODEMOS, incentivou o uso de apitos para contestar os resultados eleitorais que deram vitória ao partido FRELIMO e ao seu candidato, Daniel Chapo. Esse movimento transformou o apito em um instrumento de protesto amplamente usado, especialmente em Pemba, na província de Cabo Delgado, onde o objecto, antes vendido por 10 a 15 meticais, passou a custar até 50 meticais devido à alta procura.

No auge do protesto, tornou-se comum ver pessoas carregando apitos no pescoço, em um acto que simbolizava contestação e resistência. Esse contexto conferiu ao apito um significado político marcante, alimentando tensões sociais e gerando preocupação entre as autoridades.

Foi nesse cenário que, na terça-feira, 31 de Dezembro de 2024, um episódio peculiar chamou a atenção em Pemba. Durante a distribuição de kits de higiene pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), destinados a famílias vítimas do ciclone tropical CHIDO, que devastou a zona norte do país no dia 15 de Dezembro de 2024, foram encontrados 158 apitos entre os itens entregues no Bairro de Paquitiquete.

A presença dos apitos nos kits gerou um clima de desconfiança e questionamentos por parte dos residentes, que associaram o objecto ao contexto político. A polícia foi acionada para intervir e recolheu os apitos remanescentes para investigação.

Em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, nesta quarta-feira, 1º de Janeiro de 2025, o Chefe das Relações Públicas do Comando Provincial da PRM em Cabo Delgado, Aniceto Magome, detalhou os passos tomados pelas autoridades desde a identificação do problema.

"São 158 apitos que a polícia conseguiu recolher, dos 300, porque o remanescente já havia sido distribuído. Estes 158 foram dos kits que se pretendia fazer a distribuição no dia de ontem; os restantes já tinham sido distribuídos nos dias anteriores", disse Aniceto Magome.

Magome explicou que a ação da polícia foi motivada pela agitação gerada na comunidade, que buscava explicações sobre o propósito dos apitos.

"Nós, como autoridades públicas, fomos solicitados e fomos lá. Aferimos e, por uma questão de esclarecimento, recolhemos o material até uma das subunidades policiais. Agora, estamos interagindo com a organização responsável para compreender a finalidade desse material."

O oficial destacou que a medida de recolher os apitos foi tomada para evitar especulações que poderiam levar a desordens maiores, enquanto as autoridades trabalham para entender como e por que os apitos foram incluídos nos kits.

Segundo Magome, trata-se de uma organização não governamental, e até o momento o responsável pelo setor específico da distribuição não se apresentou às autoridades.

"Como se tratava de dias não laborais, o responsável pelo setor ainda não se fez presente. Penso que irá se apresentar nos próximos dias, calhando em uma data laboral", informou.

Magome detalhou o processo de investigação em andamento, explicando que as autoridades estão coletando informações de todas as partes envolvidas.

"Neste momento, estamos aguardando apenas o responsável da organização para também fazermos a triangulação da informação. Quero acreditar que, se é um projeto, existem lá elementos e termos de referência relacionados a cada item dos kits."

Ele também afirmou que os apitos foram os únicos itens recolhidos pelas autoridades, enquanto os demais componentes dos kits permaneceram com os beneficiários.

"Os componentes dos kits ficaram com os beneficiários; apenas os apitos ficaram com as autoridades policiais."

Além disso, o oficial apontou que a polícia ouviu tanto os populares que receberam os kits quanto alguns representantes locais, mas a investigação só poderá ser concluída com o posicionamento oficial da organização responsável.

"Tudo partiu de uma agitação popular por parte de alguns populares. Sendo assim, temos que perceber melhor o que motivou. Neste momento está-se a fazer um processo de triagem, onde já se ouviu uma parte da população e alguns beneficiários que apresentaram a preocupação."

O caso chama a atenção não apenas pelo simbolismo do apito no atual contexto político, mas também pela possibilidade de implicações maiores sobre a intenção ou o erro logístico na inclusão do objeto nos kits humanitários.

Em Cabo Delgado, Cidade de Pemba, a população do bairro Paquitiquete aguarda esclarecimentos, enquanto o episódio lança luz sobre as complexas interações entre ações humanitárias e o contexto político sensível em Moçambique. (x)

Redação: Zumbo FM

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