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sexta-feira, 10 janeiro 2025 05:48

Cabo Delgado: População de Mazeze, em Chiúre, expulsa batalhão militar

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Em Novembro de 2024, a Zumbo FM Notícias trouxe à tona uma denúncia alarmante: ataques terroristas deixaram um rastro de destruição, com perdas humanas e materiais significativas, enquanto as autoridades locais lamentavam a ausência de forças de segurança na região.

Os relatos daquela época mostravam uma comunidade aterrorizada, sem qualquer assistência estatal imediata. Os moradores enfrentavam dias de angústia, enquanto os terroristas saqueavam, incendiavam casas e assassinavam indiscriminadamente.

A ausência de uma resposta rápida do Governo foi interpretada como negligência, aprofundando o sentimento de abandono entre a população.

Embora as autoridades tenham prometido medidas de reforço à segurança, a demora na chegada das tropas criou um vácuo que permitiu aos insurgentes se consolidarem como uma ameaça constante. Quando finalmente foi anunciado o envio de um contingente militar, já era tarde demais para recuperar a confiança da população.

Em 02 de Dezembro de 2024, o Governo enviou um batalhão de militares formado por soldados de Macarara e integrantes da Força Local, com o objetivo de estabelecer uma presença contínua em Mazeze. A estratégia previa que os militares permanecessem em sistema de rodízio mensal para garantir uma vigilância constante.

Entretanto, a recepção foi tudo menos pacífica. Conforme relatado por uma fonte anônima e bem posicionada no posto administrativo, entrevistada pela Zumbo FM Notícias nesta segunda-feira, 06 de Janeiro de 2025, a população reagiu com hostilidade e indignação.

"No dia 02 de dezembro de 2024, o Governo mandou um batalhão de militares. Eram aqueles militares de Macarara mais os da Força Local. Então, era para ficarem lá definitivamente e depois iriam fazer rendição, onde um grupo iria um mês, depois volta, vai o outro, assim sucessivamente. Era para garantir a segurança", explicou a fonte.

Mas a reação dos moradores expôs uma ferida aberta. "Vão para onde? Nós ficamos aqui com terroristas, não vieram nos acudir. Só hoje é que estão a chegar? Saíam daqui, voltem!", bradaram os residentes, indignados com a aparente negligência durante os episódios de maior violência.

A animosidade rapidamente se transformou em confronto. Segundo a fonte entrevistada, os militares, percebendo a crescente raiva da população, decidiram recuar. "Os militares voltaram. Daí, a população ligou a dizer: 'Você mandou esses militares? Quando nós estávamos a ser aterrorizados, estavam aonde?'", relatou.

O auge da revolta ocorreu quando a população, munida de catanas, paus e pedras, expulsou os militares.

"A população furiosa a se comunicar, cada um veio com catana, paus, pedras, querer desafiar os militares. Só que os militares não quiseram disparar, saíram por bem", revelou a testemunha.

Embora o Governo tenha reiterado seu compromisso com a estabilização da região, a demora inicial e a reação violenta da população deixaram cicatrizes profundas.

"É verdade que a segurança demorou, mas o Governo disponibilizou para os militares irem ficar lá definitivamente, que é para não acontecer aquilo o que vinha acontecendo de dizer que não tínhamos socorro", justificou a fonte.

Os próprios militares, diante da hostilidade dos moradores, expressaram preocupação com a segurança do administrador local.

"Não vale a pena você vir aqui com tudo isso o que nós vimos. Não pode vir aqui a só, vão te matar aquela gente aí", advertiram, referindo-se ao nível de raiva contida que presenciaram.

A situação foi descrita como crítica. "Aquela gente, nós vimos a raiva que tem. Aqueles aí devem ter criado terroristas aí, da maneira como estavam. Negar segurança! Isso não é normal. Aqueles, se não te matam a catana, podem pôr ratex. É muito complicado", alertou a fonte, destacando o estado de tensão latente.

O episódio em Mazeze não é um caso isolado. Ele ilustra a complexidade dos desafios enfrentados em Cabo Delgado, onde o atraso na resposta às crises e a desconfiança entre as comunidades e o Estado alimentam um ciclo de violência e instabilidade. A necessidade de uma abordagem mais eficaz, tanto no curto quanto no longo prazo, torna-se cada vez mais urgente.

Mazeze está localizado no distrito de Chiúre, na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique. A comunidade encontra-se a aproximadamente 180 quilômetros de Pemba, a capital provincial de Cabo Delgado. (x)

Por: António Bote

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