O país vive um intenso cenário pós-eleitoral devido às manifestações convocadas por Venâncio Mondlane, Candidato Presidencial do partido PODEMOS, alegadamente pela injustiça eleitoral que Moçambique experimentou nas eleições de 09 de Outubro de 2024.
Nesta segunda-feira, 06 de Janeiro de 2025, a Zumbo FM Notícias ouviu, em exclusivo, académicos que defendem que as manifestações pós-eleitorais que Moçambique conheceu poderão comprometer a governação do próximo presidente da República, Daniel Chapo, que tomará posse no dia 15 de Janeiro de 2025.
O académico Ali Caetano defende que, com grande dificuldade, Daniel Chapo irá governar e realizar o seu manifesto eleitoral, visto que o país viveu momentos intensos com as ondas de manifestações. Contudo, Caetano lembra que o governo deve se destacar em momentos de crise, como o que Moçambique poderá enfrentar.
"Com grande dificuldade, porque grande parte dos manifestos políticos visam garantir a melhoria das condições das populações, que passam por um ambiente economicamente desfavorável. Nos próximos um ou dois anos, vamos ter consequências das manifestações que tivemos nos últimos dias. Então, o manifesto de Chapo está comprometido, o próprio Plano Quinquenal está comprometido. Mas é importante lembrar que, neste tempo de crise, os líderes ou os maiores líderes se destacam, então esperamos que Chapo e sua gestão consigam se destacar, mesmo neste tempo de crise", defende Ali Caetano.
O académico Zito Pedro entende que as expectativas da governação de Chapo são desafiadoras, pois a proclamação dos resultados eleitorais foi seguida de protestos. Portanto, a governação de Daniel Chapo poderá ser difícil, mas o académico avança que as manifestações serviram como uma lição e aprendizado.
"Eu penso que, em termos de expectativas, acredito que sejam realmente posições desafiadoras, primeiro porque sabe-se que esta eleição e a própria proclamação vieram seguidas de um leque de protestos. Então, penso que, de longe, a governação do próximo presidente será ancorada a estas questões. E o que, às vezes, tenho dito é que, apesar dos danos que a manifestação está causando até então, ela está servindo de alguma lição e aprendizado para quem vai efetivamente ocupar esta posição de chefe de Estado", defende Zito Pedro.
Zito Pedro conclui que Daniel Chapo já tem uma noção real de que existe uma camada social efetivamente insatisfeita, não por conta da eleição, mas contra a ação governativa do país.
"Agora será o Daniel Chapo. Eu penso que ele entra com um TPC: primeiro de entender, ele já tem uma noção real de que, efetivamente, alguma camada social, algum grupo, mesmo que seja minoritário, está insatisfeito. Não com a eleição dele, mas pela vida atual, pelo estado de vida do país, porque nem todos que estão a manifestar estão efetivamente contra a figura dele como pessoa, mas estão contra a gestão governativa", conclui Zito Pedro.
Ali Caetano termina com o mesmo posicionamento do académico Zito Pedro, afirmando que as pessoas se manifestaram não apenas pela liberdade eleitoral, mas pelos desafios que enfrentam dia a dia, desde a falta de alimentação, o acesso ao emprego, até a carência de medicamentos e de uma educação de qualidade.
"Nem todos que foram manifestar, foram votar. Grande parte deles foram sem cartão de eleitor e isso quem está a dizer são as estatísticas. Tivemos um nível de abstinência grave nas eleições, então isso mostra que as pessoas foram manifestar não apenas pela liberdade eleitoral, mas pelos desafios que enfrentam a cada dia: a falta de alimentação, o acesso ao emprego, a falta de medicamentos, a falta de educação de qualidade. E tudo isso fez com que as pessoas fossem às ruas manifestar", conclui o académico moçambicano Ali Caetano. (x)
Por: Esperança Picate
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