Em Cabo Delgado, a onda de violência política segue sem trégua, com o assassinato do Chefe de Mobilização do Partido PODEMOS, Rachide Lamina, de 40 anos, na noite de segunda-feira, 6 de Janeiro de 2025, na aldeia de Intutupue, no distrito de Ancuabe. Este é o segundo assassinato de membros do partido em menos de uma semana, após a morte brutal de um outro activista em Montepuez, na última sexta-feira, 3 de Janeiro, onde o Chefe de Mobilização do PODEMOS local foi também assassinado de forma fria por desconhecidos.
Em uma entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias realizada nesta terça-feira, 7 de Janeiro de 2025, o Coordenador do PODEMOS em Cabo Delgado, Singano Assane, detalhou os dois casos e fez duras críticas ao contexto de violência política crescente na província. Sobre o assassinato de Lamina, ele relatou que recebeu um telefonema entre 20h e 21h, informando que dois homens em um carro chegaram à casa de Lamina, chamaram-no e, após ele acordar, dispararam contra ele.
"Claro que sim, eu recebi um telefonema às 20h para 21h, os declarantes disseram que vieram duas pessoas com um carro, na casa de um dos nossos elementos, chamaram ele e ele acordou, logo dispararam contra nele. Perdeu a vida no local. Eles usavam roupa civil, a parte da viatura estava estacionada um pouco distante, logo na entrada da aldeia, logo quando tiraram a vida do nosso colega, eles entraram em fuga", explicou o coordenador, visivelmente abalado.
O assassinato de Lamina se soma a outro ocorrido em Montepuez, onde na última sexta-feira, 3 de Janeiro de 2025, o Chefe de Mobilização do PODEMOS foi também brutalmente assassinado.
"Na última sexta-feira, 3 de Janeiro de 2025, aconteceu o outro assassinato. O Chefe de Mobilização do PODEMOS em Montepuez foi brutalmente assassinado. O que estamos a viver aqui em Cabo Delgado é algo que não tem explicação, os membros do nosso partido estão sendo assassinados e ninguém faz nada para pôr fim a essa violência", afirmou o coordenador.
Com os dois assassinatos em um intervalo de poucos dias, a tensão entre os membros do PODEMOS e o governo local aumenta. O coordenador lamentou ainda a constante ameaça à vida dos opositores.
"Há dias nós chamamos a imprensa para ver que não venha acontecer mais, mas, por contrapartida, cada dia que passa os membros estão a ser ameaçados em assassinatos, e nós estamos limitados com o regime, porque isso acontece. O regime atual está afetando os nossos elementos, por isso, neste sentido, estamos a repudiar esse tipo de assassinatos e não podemos nos intimidar, porque agora já se trata de assassinatos, e isso não faz sentido para um cidadão", afirmou com firmeza.
O coordenador também acusou as forças de segurança, principalmente o SERNIC (Serviço Nacional de Investigação Criminal) e o SISE (Serviço de Informação e Segurança de Estado) de estarem envolvidas em ações de intimidação e violência contra membros do partido.
"Os assassinatos a nível da província, nós já sabemos que nunca um simples cidadão civil teve arma. Nós podemos já atacar o e o SERNIC, esses é que estão a incriminar os nossos elementos. Por exemplo, em Montepuez, diziam que era a força local, mas a força local nunca andou com pistola. Simplesmente o SERNIC, a Polícia e o SISE é que andam com pistola. Por isso, a nível da província, há muitas ameaças", explicou.
O coordenador também mencionou outro atentado contra um delegado do PODEMOS: "O meu delegado ontem sofreu o mesmo atentado com pessoas do SERNIC. Quando eram 18 horas, o delegado mandou mensagem dizendo que sofreu um atentado agora, escapou da boca do leão, perto da casa dele, na zona do partido."
Em um apelo fervoroso, ele pediu ao governo da província que tome medidas imediatas para garantir a segurança dos opositores e acabar com o ciclo de violência. "Eu apelo ao governo da província de Cabo Delgado para que regularize esse tipo de atos, para que amanhã não se repitam as mesmas consequências que estão a passar os nossos membros. Não faz sentido um da oposição ser incriminado no nosso país, porque a pessoa que reside nesse país é o cidadão moçambicano e nós também devemos nos orgulhar. Não podemos nos intimidar como estrangeiros, o imposto que eles pagam, nós também pagamos o mesmo. Porque não é possível todo momento dizer que são desconhecidos", concluiu, com um tom de desespero e resistência.
Entretanto, o Chefe das Relações Públicas no Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Cabo Delgado, Aniceto Magome, disse estar desatualizado sobre o incidente.
A Zumbo FM Notícias soube de fonte segura que, após o assassinato, a população juntou-se a membros e simpatizantes do partido PODEMOS, e, incendiaram casas das estruturas locais, incluindo dos representantes do partido FRELIMO. (x)
Por: António Bote
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