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terça-feira, 28 janeiro 2025 06:38

Cabo Delgado: Preços de material escolares aumentam na Cidade de Pemba

Imagem ilustrativa. Imagem ilustrativa.

O início do ano letivo em Pemba expõe uma dura realidade, o aumento dos preços de materiais escolares, uniformes e matrículas está colocando famílias em situações quase insustentáveis.

Em uma entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, realizada na sexta-feira, 24 de Janeiro de 2025, pais, encarregados e comerciantes descreveram o peso dessa crise e os sacrifícios extremos feitos para garantir que as crianças continuem a estudar. Para muitos, a educação deixou de ser um direito acessível e se tornou um desafio diário.

Entre os relatos marcantes está o de Alima Kadre, mãe de sete filhos, que enfrenta uma luta diária para conciliar as despesas básicas de sua família com o custo crescente da educação. Diante da inflação dos preços de cadernos, uniformes e outros materiais essenciais, ela se vê forçada a tomar decisões difíceis para manter os filhos na escola.

"Este ano está muito caro. Tenho sete filhos a estudar. Como vou me dividir? Uma embalagem de cadernos custa 200 meticais e, só com cadernos, gasto sete mil. A matrícula é 1500 meticais por criança. Canetas mantiveram o preço de 10 meticais, mas os lápis subiram de cinco para sete. O uniforme, seja saia ou calça, custa 500 meticais. Estou a fazer sacrifícios enormes para que eles estudem", lamentou.

Para Abudo Omar, um pai que também sente os impactos econômicos, a situação é agravada pelo fato de ter várias crianças na escola. Ele destacou como o custo do material escolar afeta diretamente as famílias que dependem de pequenos negócios, deixando muitos sem condições de atender às necessidades básicas de seus filhos.

"Atualmente, os preços do material escolar estão muito altos em relação aos anos anteriores. Isso dificulta que alguns encarregados de educação comprem material escolar para os seus filhos, especialmente em lares com muitas crianças. Todas essas crianças precisam de mais de cinco cadernos para poderem continuar com os seus estudos. Alguns dizem que os materiais escolares estão a um preço razoável devido à sua condição financeira, enquanto outros, incluindo pais e encarregados de educação, dependem apenas de pequenos negócios. Os materiais escolares estão muito caros para nós, que não temos condições suficientes para comprá-los."

Outro relato comovente veio de Momade Imamo, encarregado de educação, que luta não apenas contra os preços altos, mas também contra a falta de pagamento em seu emprego. Ele relatou com tristeza como sua situação financeira o impede de adquirir até mesmo os materiais mais básicos para seus dois filhos, um na sétima classe e outro na quinta classe.

"Nesta época, eu não tenho como conseguir comprar material escolar porque o meu serviço não está a sustentar nada. Assim, estou muito limitado e não sei como vou conseguir comprar o material escolar. Tenho filhos, um está na sétima classe e outro na quinta, mas não tenho como encontrar meios para adquirir os materiais. Não tenho esperança de conseguir comprá-los porque não estou a receber o meu salário. Sinto-me muito impossibilitado porque não tenho condições. Estamos a trabalhar e não nos pagam. Apenas trabalhamos para os outros, para os patronatos, que sustentam os seus filhos, enquanto nós, que trabalhamos, não temos nada."

Tauabo Juma, outro encarregado de educação, apresentou um apelo direto aos vendedores de materiais escolares. Ele ressaltou como a baixa renda de muitas famílias inviabiliza a compra de itens essenciais e pediu por uma revisão nos preços. "Eu estou a pedir aos vendedores que diminuam um pouco os preços do material escolar, para que as pessoas que não têm trabalho consigam comprar alguma coisa para as suas crianças."

Os comerciantes de Pemba também vivem o impacto dessa crise, com vendas reduzidas e estoques insuficientes. Custódio José, que trabalha no mercado central, explicou como a instabilidade política e as manifestações recentes contribuíram para a queda no movimento de clientes. "No ano passado, estava melhor. Este ano, desde as manifestações, ainda não vimos bons resultados no negocio . Pedimos que Venâncio e Chapo se entendam e cheguem a um consenso. Isso ajudaria muito."

Entretanto, para o Alfa Dade, outro comerciante, relatou dificuldades em atender à demanda devido à baixa disponibilidade de produtos no mercado. Mesmo com clientes à procura de materiais escolares, a falta de oferta prejudica as vendas. "Os clientes procuram, mas não temos produtos suficientes. Esperamos melhores ganhos, mas está complicado."

Outro vendedor de material escolar que se identificou apenas por, Salman, trouxe uma perspectiva de esperança. Ele destacou que, apesar das dificuldades econômicas, investir na educação das crianças é essencial para garantir um futuro melhor. "Cada um tem as suas prioridades, mas investir nas crianças é o melhor investimento que um pai pode fazer. A situação está difícil para todos, mas é importante garantir que elas estudem. Isso vai resultar em um Moçambique melhor."

O início do ano letivo em Pemba, na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, reflete um delicado equilíbrio entre desafios econômicos e a esperança por dias melhores.(x)

Por: Nazma Mahando

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