Após ser ouvido por cerca de dez horas na Procuradoria-Geral da República (PGR), o político e ex-candidato presidencial, Venâncio Mondlane, revelou nesta terça-feira, 11 de Março de 2025, que lhe foi aplicada uma medida de Termo de Identidade e Residência (TIR). Isso implica que o político deve comunicar à PGR todas as suas movimentações, especialmente aquelas que ultrapassem cinco dias de afastamento de sua residência.
"Foi-me aplicada uma medida de limitação, que é o termo de identidade e residência. Isso significa que não posso me deslocar sem informar a Procuradoria e não posso estar ausente da minha casa por mais de cinco dias", explicou Mondlane.
Apesar de ter sido submetido ao interrogatório, o ex-candidato presidencial afirmou que não sabe qual é a acusação formal contra ele. Mondlane questionou também a imparcialidade da PGR, dado que desde o ano passado tem apresentado queixas à instituição, sem que tenha havido qualquer avanço. Em resposta, a PGR solicitou que Mondlane e sua equipa apresentem cópias dos processos para esclarecerem em que estágio se encontram.
"O encontro foi cordial, mas o curioso é que, infelizmente, não consigo responder 'qual é o crime de que sou acusado?'. Ficamos horas lá, mas não conseguiram me dizer qual é o crime", afirmou Mondlane.
Em relação aos incidentes de saques e vandalismos ocorridos recentemente, Mondlane apresentou imagens que, segundo ele, mostram polícias arrombando armazéns e depois chamando a população a recolher os produtos. Durante as dez horas de interrogatório, com o Procurador Paulo Armando, Mondlane destacou que a PGR não conseguiu especificar o crime pelo qual ele seria responsabilizado.
"Fizeram uma série de perguntas, justificando o tempo de interrogatório, mas basicamente as perguntas estavam relacionadas às manifestações, à incitação à violência, aos prejuízos à economia e aos distúrbios supostamente causados nas manifestações. Eu respondi a todas, mas sem saber qual é o crime de que sou acusado", disse o político.
Venâncio Mondlane voltou a afirmar que o verdadeiro foco de investigação deveria ser Bernardino Rafael, então comandante da polícia durante as manifestações violentas que ocorreram no país. Segundo Mondlane, Daniel Chapo, na ocasião, teria incitado a violência ao afirmar que a polícia deveria fazer "jorrar sangue". O político acredita que tais declarações são um incentivo à violência, e lembra que, após esses comentários, membros de seu movimento foram brutalmente perseguidos e mortos, somando mais de 20 vítimas fatais, além de cerca de 411 pessoas detidas de forma ilegal ou cujos paradeiros permanecem incertos.
Em relação ao futuro, Mondlane mencionou que o processo de criação de seu partido político continua em andamento, e que, nos próximos dias, a documentação será submetida às instituições competentes. Além disso, no dia 10 de março, ao retornar de Gaberone, em Botswana, Mondlane revelou que enfrenta oito processos contra si, incluindo um que o acusa de ter causado a destruição de mais de 300 km de estradas na província de Inhambane durante as manifestações. (x)
Por: António Bote
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