As informações foram partilhadas esta segunda-feira, 10 de Março de 2025, por fontes seguras e bem posicionadas no Ministério da Educação no distrito de Mocímboa da Praia, norte da província de Cabo Delgado, Moçambique. Em uma entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, as fontes relataram os acontecimentos mais recentes envolvendo os terroristas e o impacto no sistema educacional local, ocorridos na última semana de Fevereiro de 2025.
De acordo com os relatos, os terroristas têm feito ameaças e exigido mudanças nas atividades escolares em várias aldeias da região, obrigando as crianças a frequentarem madraças em vez de escolas. A aldeia de Ulo, localizada próxima à sede do distrito, foi uma das primeiras a ser afetada.
"Existem aldeias em que, na semana passada, chegaram os terroristas e informaram que não queriam ver aulas a decorrer, mas sim madraça. Isso aconteceu na aldeia de Ulo, mas bem próximo da vila sede", revelou uma das fontes.
Os terroristas abordaram diretamente os professores e exigiram que as aulas fossem substituídas por madraças. "Eles chegaram e disseram: 'Queremos que sejam aulas de madraça, não o que estamos a lecionar.' Os professores arrumaram as suas pastas e foram informar a direção distrital. Isso é do conhecimento do Administrador. Prontamente, abandonaram as aldeias", relatou a mesma fonte.
A situação tem gerado uma crescente insegurança, e a relação entre os terroristas e a população tem sido descrita como tensa, mas com momentos de cooperação.
"Ultimamente, há boas relações entre os terroristas e a população. Os terroristas chegam, conversam com a população de forma amigável, prometem não matar ninguém e apenas pedem que a população colabore. Quando a população colabora, nada acontece. Então, nessas circunstâncias, que professor poderá voltar a dar aulas?", questionou outra fonte. Ela também relatou uma experiência envolvendo a acolhida dos terroristas pela comunidade: "Receberam-nos bem, deram comida e alojamento por dois dias, até eles voltarem novamente para as matas. Mas isso tem sido algo forçado. Já imaginou alguém chegar bem armado e pedir para preparar chima? E depois te diz que não deve comunicar a ninguém que estão ali."
Na aldeia de Malimbi, os terroristas continuaram com a mesma abordagem, pressionando a população a enviar as crianças para madraças em vez de escolas.
"Lá na aldeia de Malimbi, os terroristas marcaram um encontro, pedindo à população que os seus filhos frequentem madraça e não a escola", afirmou uma terceira fonte. Durante a reunião, os terroristas disseram à população: "Chamaram a população, reuniram-na e tiraram a bandeira com algumas escritas em Swahili, que em português significa 'perdão'. Depois falaram para a população fugir, dizendo que isso já acabou, que devem produzir, construir casas, e quem quiser ir às festas pode ir. Só que os vossos filhos devem frequentar a madraça e não a escola." A população, temerosa, respondeu que não havia mais professores na aldeia, pois todos haviam fugido. "Então, voltaram a dizer que os vossos filhos devem frequentar a madraça e não a escola."
Na aldeia de Unduva, a situação foi ainda mais tensa. Os terroristas confiscavam os telefones e mantinham um controle rigoroso sobre a comunidade. "Não consegui tirar fotos dessa bandeira, porque eles haviam confiscado os telefones", afirmou uma das fontes. Segundo ela, cerca de 30 pessoas estavam presentes no encontro, onde a presença opressiva dos terroristas era palpável.
Em contacto com o Administrador do distrito de Mocímboa da Praia, Sérgio Cipriano, disse não ter informações sobre o assunto e que, precisava de se informar mais.
"Deixa-me procurar saber, se eu confirmar, amanhã podemos falar. Não tenho ainda está informação", explicou o dirigente.
A Zumbo FM Notícias soube ainda que os directores e professores das escolas existentes nessas aldeias, alguns fugiram para a cidade de Pemba, em busca de segurança diante das ameaças dos terroristas.
Apuramos ainda que antes da fuga, foram se despedir na direcção distrital de educação do distrito de Mocímboa da Praia, mas a direção recomendou-lhes que fizessem um documento oficial sobre a sua fuga. No entanto, os directores recusaram fazer um ofício formal. (x)
Por: António Bote
Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as noticia da Zumbo FM Noticias com os seus contactos. Muito Obrigado por visitar o nosso website!