A informação foi avançada nesta segunda-feira, 10 de Março de 2025, pelo Coordenador Nacional das Políticas e Prevenção do Branqueamento de Capitais e Financiamento do Terrorismo, Luís Cezerilo, momentos após a realização de um evento sobre prevenção e combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo na cidade de Pemba.
Luís Cezerilo afirmou que as confissões religiosas podem, eventualmente, estar envolvidas no financiamento do terrorismo, conforme recomendado pelo GAFI, e que isso pode envolver aspectos religiosos, educacionais, culturais e de beneficência.
“De acordo com a recomendação do GAFI, as confissões religiosas podem ser classificadas em cinco categorias e estão sujeitas ao risco de financiar o terrorismo. Essas categorias incluem confissões religiosas, educacionais, culturais e de beneficência. Todas essas entidades, ao receberem financiamento, seja externo ou nacional, devem estar conscientes de que podem utilizar esse dinheiro de forma positiva ou ilícita”, explicou Luís Cezerilo.
O responsável também destacou que o branqueamento de capitais em Moçambique tem um impacto considerável, evidenciando a quantidade substancial de recursos envolvidos e a baixa taxa de recuperação.
“O impacto do branqueamento de capitais é imenso, especialmente quando consideramos o volume de recursos envolvidos. Um estudo da ONU revela que 688 milhões de dólares são gastos em atividades ilícitas relacionadas ao branqueamento de capitais, dos quais apenas 1% é recuperado. Portanto, mais do que relatar as consequências, precisamos refletir sobre o impacto reverso: se esses 688 milhões de dólares fossem incorporados ao orçamento do Estado, como poderiam contribuir para o desenvolvimento do país?”
O representante também explicou que Moçambique encontra-se na “lista cinza” e detalhou as medidas necessárias para combater o branqueamento de capitais, com foco em categorizar, mapear os riscos e sensibilizar as partes envolvidas.
“Sabemos que Moçambique está na lista cinza. De 26 ações recomendadas, 25 foram cumpridas. Falta apenas uma, que se refere às organizações sem fins lucrativos, e envolve três elementos principais: a categorização dessas organizações, o mapeamento dos riscos que elas representam e ações de sensibilização sobre esses riscos. Estamos a cumprir essas recomendações para criar um sistema eficaz e sustentável no combate ao branqueamento de capitais. Nosso plano inclui ações não apenas em Pemba, mas também em Nampula e Quelimane, com o objetivo de garantir que um número maior de organizações sem fins lucrativos sejam devidamente categorizadas, mapeadas quanto aos riscos e sensibilizadas para evitar o financiamento ilícito do terrorismo”, disse.
O responsável sublinhou ainda a importância de capacitar as instituições, destacando que elas devem ser informadas sobre as leis e boas práticas, a fim de evitar envolvimento em atividades ilícitas.
“As capacitações têm como objetivo sensibilizar as instituições sobre as leis e as boas práticas, ajudando-as a prevenir práticas ilícitas. Esse é o nosso principal objetivo. Como Coordenador Nacional, não me refiro a situações específicas ou regionais em nenhum momento”, afirmou.
Entretanto a Zumbo FM Notícias entrevistou, nesta segunda-feira, 10 de março de 2025, alguns líderes religiosos que advogam que, com a união entre os moçambicanos, é possível combater o financiamento do terrorismo.
O Padre José Eduardo, entrevistado pela nossa equipe de reportagem, destaca a importância de combater o financiamento ao terrorismo, mencionando que o país tem sofrido com situações que destroem e desumanizam.
"O país enfrenta uma vulnerabilidade importante no financiamento ao terrorismo, e todos temos que unir forças para combater este fenômeno que destrói, desumaniza e deixa o país com muito sofrimento. É interessante escutar que todos esses processos de proteção e financiamento estão sendo implementados para que o dinheiro não chegue ilicitamente nas mãos dos malfeitores, terroristas, seja lá quem for. Vamos fazer a nossa parte dentro das nossas instituições religiosas para assegurar que estamos contribuindo para a prevenção do terrorismo."
Por outro lado, Abdul Salassane, representante do Conselho Islâmico de Moçambique, explica que, desde o início do problema do terrorismo, têm trabalhado para identificar possíveis financiadores e mantido conversas com líderes das mesquitas para organizar e monitorar o controle dos financiamentos e doações. A ideia é garantir que os recursos, especialmente os de maior valor, não sejam usados para atividades ilícitas.
"Estamos atentos desde que eclodiu a situação do terrorismo. Temos trabalhado nesta vertente de identificar quem pode trazer financiamentos e também temos mantido diálogos com as direções das mesquitas para organizar e efetivar o controle daqueles que trazem seus financiamentos e suas caridades. Principalmente quando chegam com valores um pouco mais elevados, precisamos saber o que a pessoa faz com esses recursos e garantir que eles não sejam usados para atividades ilícitas."(x)
Por: Esperança Picate
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