Três meses após a passagem do ciclone Chido, as famílias do distrito de Mecúfi, na região central de Cabo Delgado, continuam a enfrentar dificuldades extremas.
A equipe da Zumbo FM Notícias deslocou-se ao distrito de Mecúfi, situado a cerca de 49 quilômetros da capital provincial, Pemba, para verificar as condições de vida dos sobreviventes. O cenário encontrado é de dor e resistência: ruínas, tendas precárias e uma população que luta diariamente param sobreviver.
Entre os que ainda não conseguiram reconstruir suas casas está Tufa Chehane. O pouco que lhe restou após o ciclone não foi suficiente para reerguer um lar seguro.
"A minha casa foi destruída pelo ciclone Chido e, até agora, continua do mesmo jeito. Não tenho material para reconstruí-la, e o governo não está a nos apoiar. Tentei reaproveitar algumas chapas usadas para fazer um abrigo pequeno, mas somos três pessoas e, quando chove, sofremos muito. Precisamos de chapas e cimento para cobrir o teto. O pouco apoio que recebemos não é suficiente."
A história de Tufa é semelhante à de centenas de outras famílias em Mecúfi. Em aldeias como Taca, a destruição ainda é visível, e as dificuldades diárias tornam a vida cada vez mais insustentável.
"Não temos casa, não temos comida, não temos roupa. As crianças estão a sofrer," lamenta Factucha Chabah, mãe de dez filhos, que perdeu tudo no ciclone. "Os documentos foram levados, os cadernos das crianças também. Antes, eu plantava para alimentar a família, mas o ciclone destruiu a minha machamba. Recebemos algum apoio, mas sem casa, como vamos sobreviver?"
A reconstrução avança a passos lentos. Para muitos, a falta de materiais básicos como barrotes, chapas de zinco e cimento tornou impossível qualquer tentativa de reerguer suas casas.
"Estou parado, sem maneira de reconstruir," conta Massango Bachili. "O governo não tem nos apoiado com material para construção. Estamos a receber algum alimento, mas isso não basta. Neste momento, estou a dormir numa tenda, e quando chove, tudo fica molhado."
Florinda Júlia Alberto também perdeu sua casa e as plantações que garantiam o sustento da família. "A maioria das famílias ainda está ao relento. Quando a chuva cai, tudo molha, até a comida. Algumas poucas pessoas já conseguiram reconstruir, mas a grande maioria continua sem nada."
A situação se repete em quase todas as aldeias de Mecúfi. Alcida Alberto clama por apoio:
"Nós ainda dormimos em tendas. Recebemos alguma comida, mas precisamos de materiais para reconstruir as nossas casas. Pedimos ao governo e às organizações que nos ajudem, porque estamos a passar por momentos muito difíceis."
Enquanto as autoridades garantem que continuam a prestar assistência às vítimas do ciclone, os relatos vindos do terreno revelam um cenário de abandono. Os apoios distribuídos até agora são insuficientes, e muitas famílias temem enfrentar a próxima estação chuvosa sem um teto sobre suas cabeças.
O ciclone, que atingiu a região com ventos fortes e chuvas torrenciais, deixou um rastro de destruição. Casas desabaram, machambas foram arrasadas e documentos foram levados pela força das águas. Desde então, a esperança de recomeço tem sido sufocada pela falta de materiais de construção e pelo desespero da fome.(x)
Por: Bonifácio Chumuni
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